sexta-feira, 26 de março de 2010

O que é a Festa de Pentecostes?

Pentecostes, do grego, pentekosté, é o qüinquagésimo dia após a Páscoa. Comemora-se o envio do Espírito Santo à Igreja. A partir da Ascensão de Cristo, os discípulos e a comunidade não tinham mais a presença física do Mestre. Em cumprimento à promessa de Jesus, o Espírito foi enviado sobre os apóstolos. Dessa forma, Cristo continua presente na Igreja, que é continuadora da sua missão.

A origem do Pentecostes vem do Antigo Testamento, uma celebração da colheita (Êxodo 23, 14), dia de alegria e ação de graças, portanto, uma festa agrária. Nesta, o povo oferecia a Deus os primeiros frutos que a terra tinha produzido. Mais tarde, tornou-se também a festa da renovação da Aliança do Sinai (Ex 19, 1-16).

No Novo Testamento, o Pentecostes está relatado no livro dos Atos dos Apóstolos 2, 1-13. Como era costume, os discípulos, juntamente com Maria, mãe de Jesus, estavam reunidos para a celebração do Pentecostes judaico. De acordo com o relato, durante a celebração, ouviu-se um ruído, "como se soprasse um vento impetuoso". "Línguas de fogo" pousaram sobre os apóstolos e todos ficaram repletos do Espírito Santo e começaram a falar em diversas línguas.

Pentecostes é a coroação da Páscoa de Cristo. Nele, acontece a plenificação da Páscoa, pois a vinda do Espírito sobre os discípulos manifesta a riqueza da vida nova do Ressuscitado no coração, na vida e na missão dos discípulos.

Podemos notar a importância de Pentecostes nas palavras do Patriarca Atenágoras (1948-1972): "Sem o Espírito Santo, Deus está distante, o Cristo permanece no passado, o evangelho uma letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade um poder, a missão uma propaganda, o culto um arcaísmo, e a ação moral uma ação de escravos". O Espírito traz presente o Ressuscitado à sua Igreja e lhe garante a vida e a eficácia da missão.

Dada sua importância, a celebração do Domingo de Pentecostes inicia-se com uma vigília, no sábado. É a preparação para a vinda do Espírito Santo, que comunica seus dons à Igreja nascente.

O Pentecostes é, portanto, a celebração da efusão do Espírito Santo. Os sinais externos, descritos no livro dos Atos dos Apóstolos, são uma confirmação da descida do Espírito: ruídos vindos do céu, vento forte e chamas de fogo. Para os cristãos, o Pentecostes marca o nascimento da Igreja e sua vocação para a missão universal.

Sugestões para as músicas:

canto inicial: Estaremos aqui reunidos

C7 F C7 F F7 Bb F G7 C7
Estaremos aqui reunidos/ Como estavam em Jerusalém/
G- C7 F C F Bb F C7 F
Pois só quando vivemos unidos/ É que o Espírito Santo nos vem.
C7 F A7 D-
1- Ninguém para esse vento passando/ Ninguém vê e ele sopra onde quer/
Bb Bb- F C7 F
Força igual tem o Espírito quando/ Faz a Igreja de Cristo crescer.
C7 F A7 D-
2- Feita de homens, a Igreja é divina/ Pois o Espírito Santo a conduz/
Bb Bb- F C7 F
Como um fogo que aquece e ilumina/ Que e pureza, que e vida, que e luz.
C7 F A7 D-
3- Sua imagem são línguas ardentes/ Pois o Amor é comunicação/
Bb Bb- F C7 F
E é preciso que todas as gentes/ Saibam quanto felizes serão.
C7 F A7 D-
4- Quando o Espírito espalma suas graças/ Faz dos povos um só coração/
Bb Bb- F C7 F
Cresce a Igreja, onde todas as raças/ Um só Deus, um só Pai, louvação.





salmo responsorial:

C C7 F
Enviai o vosso Espírito Senhor/ Enviai o vosso Espírito Senhor/
G C G7 C
E da terra toda a face renovai/ E da terra toda a face renovai!

D- G7 C B7 E-
1- Bendize, ó minha alma, ao Senhor/ Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande/
F Cº C A- D7 G
De majestade e esplendor vos revestis/ E de luz vos envolveis como num manto.

D- G7 C B7 E-
2- Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras/ E que sabedoria em todas elas/
F Cº C A- D7 G
Enche-se a terra com as vossas criaturas/ Bendize, ó minha alma, ao Senhor!

D- G7 C B7 E-
3- Todos eles, ó Senhor, de vós esperam/ Que a seu tempo vós lhes deis o alimento/
F Cº C A- D7 G
Vós lhes dais o que comer e eles recolhem/ Vós abris a vossa mão e eles se fartam.

D- G7 C B7 E-
4- Se tirais o seu respiro, eles perecem/ E voltam para o pó de onde vieram/
F Cº C A- D7 G
Enviais o vosso Espírito e renascem/ E da terra toda a face renovai.



sequencia de pentecostes:

G A- D7 G
1- Espírito de Deus/ Enviai dos céus/ Um raio de luz/ Um raio de luz/
F E7 A- C- G E- A- D7 G
Vinde, Pai dos pobres/ Daí aos corações/ Vossos setes dons/ Vossos setes dons.

G A- D7 G
2- Consolo que acalma/ Hóspede da alma/ Doce alívio, vinde/ doce alívio vinde/
F E7 A- C- G E- A- D7 G
No labor descanso/ Na aflição remanso/ No calor aragem/ No calor aragem.

G A- D7 G
3- Enchei, luz bendita/ Chama que crepita/ O íntimo de nós/ O íntimo de nós/
F E7 A- C- G E- A- D7 G
Sem a luz que acode/ Nada o homem pode/ Nenhum bem há nele/ Nenhum bem há nele.

G A- D7 G
4- Ao sujo lavai/ Ao seco regai/ Curai os doente/ Curai os doente/
F E7 A- C- G E- A- D7 G
Dobrai o que é duro/ Guiai no escuro/ O frio aquecei/ O frio aquecei.

G A- D7 G
5- Daí à vossa Igreja/ Que espera e deseja/ Vossos setes dons/ Vossos setes dons/
F E7 A- C- G E- A- D7 G
Daí em prêmio ao forte/ Uma santa morte/ Alegria eterna/ Alegria eterna.
C C- G D7 G
Amém! Amém!



aclamação ao evangelho:

A E7 A E B7 E7
1- Aleluia! Cantamos vibrando/ Ao ouvir o Evangelho de pé/
A A7 D Aº A E7 A
Fala o Espírito Santo a nós quando/ A Palavra acolhemos com fé.

A E7 A E B7 E7
2- Aleluia/ Aleluia nós cremos/ Mas iremos nós crer muito mais/
A A7 D Aº A E7 A
Pois, se aqui sons e letras colhemos/ Luz e graça em nossa alma semeais.
D- A
Aleluia! Aleluia!



preparação das oferendas:


G D7 G B7 E- E7
Pão e vinho, Pai, poremos/ Nesta mesa, uma vez mais/
A- C- G Gº D7 G
É um pouco do que temos/ Pelo muito que nos dais.

B7 E- B7 E7
1- Vós nos dais Jesus, o Cristo/ Mas o Cristo, o que nos faz?
A- D7 G E- A- D7 G E- A- D7 G
Vem morrer crucificado/ Para vir ressuscitado/ E nos dar a sua paz.

B7 E- B7 E7
2- Vós nos dais o vosso Filho/ Para ser o nosso irmão/
A- D7 G E- A- D7 G E- A- D7 G
E pra termos, de verdade/ Só amor, fraternidade/ Ele deu-nos o perdão.

B7 E- B7 E7
3- Vosso Filho, Pai nos destes/ Para nosso Redentor/
A- D7 G E- A- D7 G E- A- D7 G
Pra livrar-nos do egoísmo/ Ele sopra é simbolismo/ E nos dá o Santo amor.

B7 E- B7 E7
4- Vosso Filho, Pai, fizestes/ Ser do mundo o Salvação/
A- D7 G E- A- D7 G E- A- D7 G
Mas Jesus, que nos quer tanto/ Pelo Espírito que é Santo/ Nos confiou sua missão.


comunhão:

G D A- D7 G
1- Senhor vem dar-nos sabedoria/ Que faz ter tudo como Deus quis/
D7 G G7 C G D7 G G7
E assim faremos da Eucaristia/ O grande meio de ser feliz.

C G D7 G G7 C G D7 G
Dá-nos, Senhor, esses dons, essa luz/ __E nós veremos que pão é Jesus!

G D A- D7 G
2- Dá-nos, Senhor, o entendimento/ Que tudo ajuda a compreender/
D7 G G7 C G D7 G G7
Para nós vermos como é alimento/ O pão e o vinho que Deus quer ser.

G D A- D7 G
3- Senhor, vem dar-nos divina ciência/ Que, como o eterno, faz ver sem véus/
D7 G G7 C G D7 G G7
Tu vês por fora, Deus vê a essência/ Pensas que é pão, mas é nosso Deus.

G D A- D7 G
4- Dá-nos, Senhor, o Teu conselho/ Que nos faz sábios para guiar/
D7 G G7 C G D7 G G7
Homem, mulher, jovem e velho/ Nós guiaremos ao Santo Altar.

G D A- D7 G
5- Senhor, vem dar-nos a fortaleza/ A santa força do coração/
D7 G G7 C G D7 G G7
Só quem vencer vai sentar-se à mesa/ Para quem luta Deus quer o pão.

G D A- D7 G
6- Dá-nos, Senhor, filial piedade/ A doce forma de amar enfim/
D7 G G7 C G D7 G G7
Para que amemos quem, na verdade/ Aqui amou-nos até o fim.

G D A- D7 G
7- Dá-nos, enfim, temor sublime/ De não ama-los como convém/
D7 G G7 C G D7 G G7
O Cristo-Hóstia, que nos redime/ O Pai celeste, que nos quer bem.


canto final:

G D G D7 G
1- O amor de Deus cobriu/ Rios e mares no princípio/
C Bbº G E- A7
Foi assim que a terra viu/ Desabrochar o colorido festival/
D7
De flores mil.

G D7 G E7 A- D7 G
Vós sois amor e vida/ Por isso a vida só vale/ No amor, no amor.

G D G D7 G
2- O amor de Deus desceu/ Bem no fundo das pessoas/
C Bbº G E- A7
Foi assim que o mundo viu gente sorrir/ E muita gente se encontrar/
D7
Num doce olhar.

G D G D7 G
3- O amor de Deus brilhou/ Bem no centro, em nossa história/
C Bbº G E- A7
Foi assim que se entendeu/ Só é feliz/ E só tem glória e tem poder/
D7
Quem sabe amar.

sábado, 6 de março de 2010

SEXTA FEIRA DA PAIXÃO

Paixão do Senhor

Do Evangelho de S. Marcos 15, 33-34.37.39

"Chegado ao meio-dia,
houve trevas por toda a terra,
até às três da tarde.
Às três horas, Jesus exclamou em alta voz:
"Eloì, Eloì, lema sabactàni?"
que quer dizer:
Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste? (...)
Soltando um grande brado, Jesus expirou. (...)
Ao vê-Lo expirar daquela maneira,
o centurião, que se encontrava em frente d'Ele, exclamou: "Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus".

Eis o agir mais alto, mais sublime do Filho em união com o Pai. Sim, em união, na mais profunda união... precisamente quando grita: "Eloì, Eloì, lema sabactàni?", "Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonaste?" (Mc 15, 34; Mt 27, 46). Este agir exprime-se na verticalidade do corpo estendido ao longo da trave perpendicular da Cruz com a horizontalidade dos braços estendidos ao longo do madeiro transversal. A pessoa que olha estes braços pode pensar com quanto esforço eles abraçam o homem e o mundo. Abraçam.

Eis o homem. Eis o próprio Deus. "N'Ele (...) vivemos, nos movemos e existimos" (Ato 17, 28). N'Ele, nestes braços estendidos ao longo da trave horizontal da Cruz. O mistério da Redenção.

Jesus, pregado na Cruz, imobilizado nesta terrível posição, invoca o Pai (cf. Mc 15, 34; Mt 27, 46; Lc 23, 46). Todas as suas invocações testemunham que Ele está unido com o Pai. "Eu e o Pai somos um" (Jo 10, 30); "Quem Me vê, vê o Pai" (Jo 14, 9); "Meu Pai trabalha continuamente e Eu também trabalho" (Jo 5, 17).

sexta-feira, 5 de março de 2010

SABADO SANTO

Vigília Pascal

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.
Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: "O meu Senhor está no meio de nós". E Cristo respondeu a Adão: "E com teu espírito". E tomando-o pela mão, disse: "Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará.

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: 'Saí!' ; e aos que jaziam nas trevas: 'Vinde para a luz!'; e aos entorpecidos: 'Levantai-vos!'
Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos morotos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só é indivisível pessoa.

Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim no paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida.
Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso.
Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o meio dos céus preparado para ti desde toda a eternidade".

De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo
Fonte: Liturgia das Horas

QUINTA FEIRA SANTA

Instituição da Eucaristia

Na véspera da festa da Páscoa, como Jesus sabia que havia chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 12, 1).

Caía a noite sobre o mundo, porque os velhos ritos, os antigos sinais da misericórdia infinita de Deus para com a humanidade iam realizar-se plenamente, abrindo caminho a um verdadeiro amanhecer: a nova Páscoa. A Eucaristia foi instituída durante a noite, preparando antecipadamente a manhã da Ressurreição.
Jesus ficou na Eucaristia por amor..., por ti.

- Ficou, sabendo como O receberiam os homens... e como O recebes tu.
- Ficou, para que O comas, para que O visites e Lhe contes as tuas coisas e, chegando junto do Sacrário e na recepção do Sacramento te enamores mais de dia para dia, e faças com que outras almas - muitas! - sigam o mesmo caminho.

Menino bom: como os amantes da terra beijam as flores, a carta, a recordação dos que amam!...
E tu? Poderás esquecer-te alguma vez de que O tens a teu lado..., a Ele!? - Esquecerás... que O podes comer?

- Senhor, que eu não torne a voar colado à terra!, que esteja sempre iluminado pelos raios do divino Sol - Cristo - na Eucaristia!, que o meu vôo não se interrompa enquanto não alcançar o descanso do teu Coração!

Santo Rosário, Apêndice, 5º mistério da luz

Comecemos desde já a pedir ao Espírito Santo que nos prepare para podermos entender cada expressão e cada gesto de Jesus Cristo: porque queremos viver vida sobrenatural, porque o Senhor nos manifestou a sua vontade de se dar a cada um de nós em alimento da alma, e porque reconhecemos que só Ele tem palavras de vida eterna.

A fé leva-nos a confessar com Simão Pedro: Nós acreditamos e sabemos que tu és o Cristo, o Filho de Deus. E é essa mesma fé, fundida com a nossa devoção, que nesses momentos transcendentes nos incita a imitar a audácia de João, a aproximar-nos de Jesus e a reclinar a cabeça no peito do Mestre , que amava ardentemente os seus e, como acabamos de ouvir, iria amá-los até o fim.

Tenhamos em mente a experiência tão humana da despedida de duas pessoas que se amam. Desejariam permanecer sempre juntas, mas o dever - seja ele qual for - obriga?as a afastar?se uma da outra. Não podem continuar sem se separarem, como gostariam. Nessas situações, o amor humano, que, por maior que seja, é sempre limitado, recorre a um símbolo: as pessoas que se despedem trocam lembranças entre si, possivelmente uma fotografia, com uma dedicatória tão ardente que é de admirar que o papel não se queime. Mas não conseguem muito mais, pois o poder das criaturas não vai tão longe quanto o seu querer.
Porém, o Senhor pode o que nós não podemos. Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não nos deixa um símbolo, mas a própria realidade: fica Ele mesmo. Irá para o Pai, mas permanecerá com os homens. Não nos deixará um simples presente que nos lembre a sua memória, uma imagem que se dilua com o tempo, como a fotografia que em breve se esvai, amarelece e perde sentido para os que não tenham sido protagonistas daquele momento amoroso. Sob as espécies do pão e do vinho encontra-se o próprio Cristo, realmente presente com seu Corpo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade.

Ceia do Senhor (Lava-pés)

Um momento solene
No 13º capítulo do seu Evangelho, João fala sobre Jesus fraco, pequeno, que terminará sendo condenado e morto na cruz como um blasfemador, um fora da lei ou um criminoso. Até então, Jesus parecia tão forte, havia feito tantos milagres, curado doentes, ordenado que o mar e o vento se acalmassem e falado com autoridade para os escribas e os fariseus.

Ele parecia ser um grande profeta, quem sabe até o Messias. O Deus do poder estava com Ele. Mais e mais pessoas estavam começando a segui-lo, esperavam que Ele os libertasse dos romanos, resgatando assim, a dignidade do povo escolhido. O tempo da páscoa estava próximo. A multidão e os amigos dele pensavam: "Será que Ele vai se revelar na páscoa? Então, todos acreditarão nele." Todos esperavam que algo extraordinário acontecesse. No entanto, em vez de fazer algo fantástico, Jesus tomou o caminho oposto, o da fraqueza, o da humilhação, deixando que os outros o vencessem. Este processo de humilhação teve início quando o Verbo se fez carne no seio da Virgem Maria, e continuou visível para os discípulos no lava-pés. Terminará com a agonia, paixão, crucifixão e morte.

O começo deste capítulo é muito solene: "Antes do dia da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado aos seus, que estavam no mundo, amou-os até ao extremo. Começada a ceia, tendo já o demônio posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, a determinação de o entregar, sabendo que o Pai tinha posto em suas mãos todas as coisas, que saíra de Deus e ia para Deus, levantou-se da ceia, depôs o manto, e apegando uma toalha cingiu-se com ela." (Jo 13,1-4).

Estas palavras são muito fortes: "Jesus, sabendo que o Pai tinha posto em suas mãos todas as coisas, que saíra de Deus e ia para Deus, levantou-se da ceia, depôs o manto..." Então, Ele se ajoelhou diante de cada um de seus discípulos e começou a lavar-lhes os pés, em uma atitude de humilhação, fraqueza, súplica e submissão. De joelhos ninguém pode se mover com facilidade nem se defender.
João Batista havia dito que ele não era digno nem de desatar as sandálias de Jesus (Mc 1,7). No entanto, Jesus se ajoelha em frente a cada um de seus discípulos.

Os primeiros cristãos devem ter cantado o mistério de Jesus, que se desfez da sua glória e se fez fraco, como encontramos nas palavras de S. Paulo aos Filipenses: "O qual, existindo na forma (ou natureza) de Deus, não julgou que fosse uma rapina o seu ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens e sendo reconhecido por condição como homem. Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de cruz! (Fl 2,6-8)

Nós estamos frente a um Deus que se torna pequeno e pobre, que desce na escala da promoção humana, que escolhe o último, que assume o lugar de servo ou escravo. De acordo com a tradição judia, o escravo lavava os pés do senhor, e algumas vezes as esposas lavavam os pés do marido ou os filhos lavavam os do pai.

Fonte: Comunidade Shalom



Transladação do Santíssimo

A transladação do Santíssimo tem notícias históricas desde o século II. Mas o rito da adoração, na quinta-feira santa entrou na Igreja a partir do século XIII e foi difundindo-se até o século XV.

O que mais impulsionou foi a devoção ao Santíssimo Sacramento, a partir da segunda metade do século XIII, época em que o Papa Urbano IV decretou a festa de Corpus Christi para toda a Igreja (em 11 de agosto de 1264).

Foi, portanto, a prática devocional da eucaristia a principal responsável para a adoração ao Santíssimo na quinta-feira santa, após a missa da Ceia do Senhor.

O rito atual é muito simples e tem o seguinte significado: após a oração depois da comunhão, o Santíssimo é transladado solenemente em procissão para uma capela lateral ou para um dos altares laterais da igreja, devidamente preparado para receber o santíssimo.

Antes da transladação, o sacerdote prepara o turíbulo e incensa o Santíssimo três vezes. Depois, realiza-se uma pequena procissão dentro da igreja, que é precedida pelo cruciferário (pessoa que leva a cruz processional), velas e incenso.

Durante a procissão, canta-se o "Pange Lingua", traduzido em português, "Vamos todos...", exceto as duas últimas estrofes, "tantum ergo" (tão sublime sacramento...) que são cantadas depois da chegada da procissão na capela lateral, onde ficará o Santíssimo.

Após a transladação, a comunidade é convidada a permanecer em adoração solene até um horário conveniente. O significado é de ação de graças pela eucaristia e pela salvação que celebramos nestes dias do Tríduo Pascal.



Desnudação do Altar

A desnudação do altar hoje, é um rito prático, com a finalidade de tirar da igreja todas as manifestações de alegria e de festa, como manifestação de um grande e respeitoso silêncio pela Paixão e Morte de Jesus.

A desnudação do altar (denudatio altaris), ou despojamento, como preferem alguns, é um rito antigo, já mencionado por Santo Isidoro no século VII, que fala da desnudação como um gesto que acontecia na quinta-feira santa.

O sacerdote, ajudado por dois ministros, remove as toalhas e os demais ornamentos e enfeites dos altares que ficam assim desnudados até a Vigília Pascal. No antigo rito, durante a desnudação recitava-se um trecho de um salmo. O gesto da desnudação do altar tinha o significado alegórico da nudez com a qual Cristo foi crucificado.

O rito atual é realizado de modo muito simples, após a missa. Feito em silêncio e sem a participação da assembléia. As orientações do Missal Romano pedem que sejam retiradas as toalhas do altar e, se possível, as cruzes da igreja.

Caso isso não seja possível, orienta o Missal que convém velar as cruzes e as imagens que não possam ser retiradas.(Cf. Missal Romano, p. 253, n. 19).

O significado é o silêncio respeitoso da Igreja que faz memória de Jesus que sofre a Paixão e sua morte de Jesus, por isso, despoja-se de tudo o que possa manifestar festa.

DOMINGO DE RAMOS

Entrada de Jesus em Jerusalém

A comemoração da entrada do Senhor em Jerusalém, com a bênção e a procissão dos ramos, supõe a proclamação do Evangelho, que dá sentido ao ato litúrgico (Mt 21,1-11). O louvor público é o reconhecimento messiânico da pessoa de Jesus (v.9), pela explicação bíblica, mais fácil, da relação do Messias com a dinastia davídica. De fato, a saudação messiânica Hosana ao Filho de Davi (v.9a), no ato de bendizer o que vem em nome do Senhor (v.9b), é a confirmação do oráculo de Natã (2Sm 7,16), através do qual o povo espera e reconhece a chegada daquele descendente privilegiado, cujo trono seria estável ou permanente.

Entretanto, Jesus parece preferir servir-se de outros textos escriturísticos para se deixar reconhecer como Messias. Ao querer montar no jumento para entrar na cidade (vv.2-3), assume a missão messiânica, descrita por Zacarias: Dizei à Filha de Sião: eis que o teu rei vem a ti, manso e montado em um jumento, em um jumentinho, filho de uma jumenta (v.5; cf. Zc 9,9-10).

Ao contrário das expectativas normais de um rei poderoso e guerreiro, Jesus opta por um messianismo anti-messiânico, por colocá-lo na via humilhante de contradição: mansidão, pobreza, serviço. Escolhendo o jumento, não só relega o simbolismo do cavalo, animal de porte e de guerra, expressão régia do poder, do comando, da fortaleza, da nobreza e da beleza, mas também opta pelo seu contrário, que é a manifestação da onipotência na fragilidade e da glória na humilhação. Esta contradição, presente na entrada triunfal em Jerusalém, é a própria maneira como, em obediência ao plano do Pai, exercerá nesta mesma cidade da paz, a obra maior da libertação e da redenção dos homens, através do caminho da cruz.

O contraste da cena do Messias, aclamado pelo povo como descendente de Davi e montado burlescamente no jumento, se evidencia no conjunto da própria Liturgia de hoje, simultaneamente de Ramos e da Paixão. Com efeito, cessado o aspecto triunfal da comemoração da entrada em Jerusalém, a Liturgia da Missa realça apenas o caminho escolhido por Jesus para realizar sua messianidade: a entrega à morte, e morte de cruz. O mesmo povo que o aclamara, aparece, então no processo de sua condenação.

Este ato contraditório se explica pelo messianismo anti-messiânico, ligado à pregação e irrupção do Reino, que contraria os interesses dos poderosos. Rejeitando-se o Messias, sua pessoa e sua mensagem, rejeita-se também o Reino que veio instaurar através dos meios pobres, mas eficazes, que escolhera. A cruz e a morte se colocam, então, no horizonte desta recusa do projeto messiânico: o caminho do amor que se doa a Deus e aos homens, em prol da justiça e da paz, através da mansidão e da humildade.

PROCISSÃO DO ENCONTRO

Dentro da Semana Santa, também chamada de “A Grande Semana”, em muitas paróquias, especialmente no interior, realiza-se a famosa “Procissão do Encontro” entre: o Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores.

Os homens saem de uma igreja com a imagem de Nosso Senhor dos Passos e as mulheres saem de outra igreja com Nossa Senhora das Dores. Acontece então o doloroso encontro entre a Mãe e o Filho. O padre, então, proclama o célebre Sermão das Sete Palavras, que na verdade são sete frases:

1. Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem. (Lc 23,34 a);
2. Hoje estarás comigo no paraíso. (Lc 23,43);
3. Mulher eis aí o teu filho, filho eis aí a tua mãe. (Jo 19,26-27);
4. Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?! (Mc 15,34);
5. Tenho sede. (Jo 19,28 b);
6. Tudo está consumado. (Jo 19,30 a);
7. Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito. (Lc 23,46 b).

O sacerdote, diante das imagens, faz uma reflexão com estas frases, chamando o povo à conversão e à penitência. O silêncio é grande, já que a imagem de Nosso Senhor dos Passos mostra-o com a cruz às costas.

A expressão dos rostos das imagens é de dor e sofrimento. Algumas imagens de Nossa Senhora das Dores mostram-na abraçada a uma espada, lembrando certamente a profecia de Simeão: “Uma espada de dor te traspassará a alma”.

Quando estive na Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém, fiquei muito emocionado quando vi a imagem de Nossa Senhora das Dores.
No local onde, segundo a tradição, foi colocado Jesus crucificado, tem um buraco no chão. Onde foi colocada a cruz de Jesus, está embaixo um altar. A gente precisa ajoelhar-se para colocar a mão lá dentro. Imagine a emoção...

Só que antes de chegar a este lugar santo, a gente passa em frente à imagem de Nossa Senhora das Dores. Belíssima... Quem a fez conseguiu como que umedecer o seu rosto, e é como se ela estivesse chorando, mas com o rosto sereno. Sofrido, mas sereno. Chorei muito ao contemplá-la.

É tudo isso que vivemos neste tempo de profunda reflexão.
Nossa fé é pascal, passa pelo sofrimento, morte e ressurreição do Senhor.

Sigamos os passos de Jesus, sempre com Maria.