sábado, 25 de dezembro de 2010

Reunião de coordenadores 04/12/2010

Escala das missas de Natal e Ano Novo

24/12/10 - Missa 19:00 horas - Capela São Francisco (Ministério de Música São Francisco)

24/12/10 - Missa 21:00 horas - Matriz (Ministério de Música Santa Rita)

25/12/10 - Missa 19:30 horas - Matriz (Ministério de Música Doce Presença)

26/12/10 - Missa 07:30 horas - Matriz (Grupo de Violeiros)

26/12/10 - Missa 19:30 horas - Missa Sagrada Família - Matriz (Ministério de Música Santa Cecília)

31/12/10 - Missa 19:30 horas - Missa Maria Mãe de Deus - Capela São Francisco (Ministério de Música São Francisco)

31/12/10 - Missa 21:00 horas - Matriz (Ministério de Música Doce Presença)

01/01/11 - Missa 19:00 horas - Missa Maria Mãe de Deus - Matriz (Ministério de Música Doce Presença)

02/01/11 - Missa 07:30 horas - Missa Epifania - Matriz (Ministério de Música Raio de Luz)

02/01/11 - Missa 19:30 horas - Matriz (Ministério de Música Santa Cecília)


Fica decidido, que todo último domingo de cada mês, ficará responsável por cantar a celebração o Grupo de Violeiros

sábado, 13 de novembro de 2010

Coroa do Advento

Um olhar teológico-litúrgico e roteiro celebrativo para o acendimento
(Pe. José Adalberto Salvini)


1. Olhando para a história e o sentido teológico-litúrgico da Coroa do Advento

A origem da Coroa do Advento remonta o final do séc. XIX, na Alemanha, entre os cristãos de confissão evangélica e foi, aos poucos, sendo assumida também nas comunidades católicas daquele país e se espalhou para outras regiões.

No Brasil a coroa do advento chegou já nos inícios do séc. XX, com a vinda de imigrantes e missionários daquelas regiões da Europa.

Pouco a pouco a coroa do advento foi ganhando sentido e interpretação à luz da espiritualidade litúrgica do Advento, considerado tempo propício de espera e vigilância dos cristãos para a vinda gloriosa do Senhor.

Neste sentido, podemos buscar na antiga prática judaica do acendimento da vela no Shabat uma salutar interpretação. O acendimento das velas é símbolo não só da espera, mas, sobretudo, da acolhida do sábado. Conforme a tradição judaica, é a mulher quem acende as velas; pela índole de sua missão no lar ela é a responsável por criar o ambiente sabático, pois, como dizem os sábios de Israel, “não há bem-estar sem a luz”. Este acendimento representa também a expiação pelo pecado de Eva, que ao comer do fruto da árvore proibida “apagou a luz do mundo”. Acender as velas significa romper com as trevas do mundo, romper com o pecado. Por isso, a primeira vela se acende para recordar (zaror) o sábado e santificá-lo; a segunda vela se acende para cuidar, vigiar (shamor) o dia do sábado para santificá-lo.

Entendemos que se para Israel esta luz haverá de se manifestar em sua plenitude com a chegada do Messias, significada no advento do sábado[1], para nós, cristãos, esta luz já se manifestou na Encarnação do Verbo eterno de Deus, nascido do seio da Mulher obediente, a Virgem Maria: “E o Verbo era a luz verdadeira que ilumina todo homem” (Jo 1,9); manifestou-se de forma particular com a ressurreição de Jesus Cristo, como afirma a fórmula litúrgica: “A luz de Cristo que ressuscita resplandecente dissipe as trevas de nosso coração e nossa mente”[2]; e há de manifestar-se em sua plenitude por ocasião da vinda gloriosa do Senhor: “A cidade não precisará do sol ou da lua para a iluminarem, pois a glória de Deus a ilumina, sua lâmpada é o Cordeiro. As nações caminharão na sua luz” (Ap 21,23-24a.). Neste dia estaremos participando da “festa da eterna luz”.[3]

Os elementos que compõem a coroa do advento também nos ajudam a fazer uma leitura muito interessante dos significados. Ela é confeccionada em forma circular e ornada com cipreste verde e velas vermelhas (conforme a origem alemã) ou velas coloridas (pela influência afro-indiginista da cultura dos povos latino-americanos – sendo cada vela de uma cor ou, ainda, três velas roxas e uma vela rósea).

O círculo, feito de ramos verdes – ciprestes, simboliza a perfeição divina, pois o círculo não tem início, nem fim. De fato, Cristo, alfa e ômega, é o princípio e fim de todas as coisas[4].

Os ramos verdes simbolizam a resistência da vida que persiste em se manifestar, mesmo diante das adversidades deste mundo presente. Tanto na Europa, quando no inverno os pinheiros são as únicas árvores que permanecem com suas folhas vicejantes, quanto no Brasil, quando após a seca do inverno, chegam as primeiras chuvas primaveris e a natureza ressurge com tenros rebentos que brotam nos troncos, o verde natural fala da vida nova que foi trazida com o nascimento do Salvador. Torna-se sinal da vinda do Messias que veio para fazer novas todas as coisas, e para que todos tenham a vida em plenitude.

As velas que acompanham os quatro domingos litúrgicos e são colocadas sobre o círculo de ramos verdes simbolizam os pontos cardeais, sinal de que todo o universo vai sendo inundado com a luz do Messias que vem, ele que é “luz de todas as nações” (Lc 1,32)[5]. Expressa igualmente a nossa progressiva prontidão em acolher o Salvador que vem, tendo em nosso agir a dinamicidade de atitudes que tornem visível a manifestação do Reino já presente em nosso meio e, deste modo, antecipem a manifestação plena do “novo céu e a nova terra, onde habitará a justiça” (2 Pd 3,13).

O vermelho das velas simboliza o imenso amor com que Cristo se ofereceu pela Salvação da humanidade e, de forma livre e generosa, banhou o mundo com o seu Sangue derramado na Cruz. Pode significar igualmente a realeza daquele que sendo o Messias, Rei e Sacerdote eterno”, é um descente da casa de Davi.[6] Caso as velas sejam coloridas este sinal poderá ser expresso por uma fita de tecido vermelho que entrelace os ramos verdes e as velas. Neste caso, além de simbolizar a diversidade cultural dos povos e nações, expressará a alegria com que celebramos a revelação histórica do “mistério mantido em sigilo desde sempre (...) e levado ao conhecimento de todas as nações” (Rm 16,25b.26b), bem como a alegre expectativa com que vigilantes mantemos acesa a chama do espírito enquanto aguardamos a manifestação definitiva do Senhor Jesus Cristo que virá em glória (Cf. 1 Ts 5,19.23).

A coroa do advento não deve ter ornamentos com brilhos, mas tão somente a simplicidade opaca dos elementos que a compõem e o brilho da luz com que vigilantes aguardamos a vinda de Jesus. Adornar a coroa do advento com outros elementos seria o mesmo que antecipar o brilho da luz definitiva que só deverá ser expressa na noite santa do natal.

A preparação da coroa do advento e a arrumação da casa para a chegada do Messias sugere algo maior que é a arrumação do templo espiritual onde Deus quer habitar, ou seja, do próprio coração da pessoa humana. Hoje, o Cristo se manifesta presente em cada pessoa humana e nela quer ser acolhido. Sua presença é libertadora provoca a ruptura com as trevas das injustiças e as diversas formas de exclusões que ofuscam a manifestação da luz do Reino da justiça e do amor inaugurado por Jesus. Deste modo, a verdadeira preparação para a vinda do Senhor se faz à medida que cada cristão deixa brilhar a chama da fé batismal, comprometendo-se com a missão que lhe foi confiada na unção com o Divino Espírito. Será mantendo acesa esta chama batismal que chegaremos “com segurança ao reino da luz e da vida” (Ritual da Unção dos Enfermos, n. 114.2).

2. Dicas para o acendimento das velas da coroa do advento durante a celebração

Aqui propomos um roteiro básico para o acendimento das velas da coroa do advento, sendo uma estrutura única e simples, com duas opções de textos e melodias.

Primeiro passo: Após a saudação inicial, a breve recordação da vida e o ato penitencial, uma mulher grávida (eventualmente acompanhada de seu marido e filhos já nascidos), tendo como ponto de partida a porta principal da igreja, caminha em direção à da coroa do advento levando uma vela acesa. Enquanto se aproximam a comunidade canta o refrão meditativo: Vem vindo a libertação!Ergam a cabeça, levantem do chão![7]

Segundo passo: Chegando junto ao presbitério e estando perto da coroa do advento, ao ser concluído o canto do refrão, a mulher levanta a vela e reza-se a seguinte oração, que é a mesma para todos os domingos: “Bendito sejas, Deus bondoso, pela luz de Cristo, sol de nossas vidas, a quem esperamos com toda ternura do coração”. Outra opção será que o esposo faça a oração e a mulher mantenha a vela levantada.

Terceiro passo: Em seguida, se acende a respectiva vela da coroa do advento, enquanto o grupo de cantos entoa a estrofe e refrão, correspondete para cada domingo, como segue abaixo nas duas propostas abaixo.

Primeira proposta

Uma opção para o canto do acendimento poderá ser o texto musicado pelo Maestro Américo Donizete Batista. (Cf. Apostila com partituras e CD – caseiro, fornecido no Encontro Diocesano de Formação Litúrgico Musical, realizado na Diocese de Jaboticabal, em 2006).

1º Domingo:

1. A primeira vela ascendemos

Onde havia escuridão se encontra a luz
Vigilantes, Senhor, aguardaremos
Este é o tempo do advento de Jesus.

Refrão: Vinde, ó Mestre, esperamos pelo dia
quando em nosso meio vai estar
Com Maria, a Mãe Santa preparamos,
a morada no coração, seu lar.

2º Domingo:

2. Outra vela nós ascenderemos,

A coroa recebe nova luz,
E por nossa vontade, Pai, queremos,
Consolar o irmão aflito, meu Jesus.

Refrão: Vinde, ó Mestre, esperamos pelo dia
quando em nosso meio vai estar
Com Maria, a mãe Santa preparamos,
a morada no coração, seu lar.

3º Domingo:

3. A terceira vela que ascendemos

Ao cantarmos: “Alegrai-vos no Senhor”,
Transbordando alegres pratiquemos
A justiça, o perdão e o amor!

Refrão: Vinde, ó Mestre, esperamos pelo dia
quando em nosso meio vai estar
Com Maria, a mãe Santa preparamos,
a morada no coração, seu lar.


4º Domingo:

4. Hoje é a quarta vela que ilumina

Da coroa a última a brilhar
Com a chegada de Cristo, o Messias,
Nobre irmão, em nós o seu Reino implantar.

Refrão: Vinde, ó Mestre, esperamos pelo dia
quando em nosso meio vai estar
Com Maria, a mãe Santa preparamos,
a morada no coração, seu lar.


  • Em seguida, quem preside reza a oração coleta. Após o amém da oração coleta a celebração prossegue conforme o costume. A liturgia da Palavra poderá se inciar com um omentário único e breve sobre as leituras ou refrão meditativo.


Segunda proposta

Uma outra opção para o canto do acendimento poderá ser o texto musicado pela Ir. Míria Kolling. (Cf. KOLLING, Míria T. 20º Encontro de Liturgia e Canto Pastoral: São Paulo, p. 25, n. 26, apostila de partituras 2005).


1º Domingo:

Uma vela, na cora acendemos,
toda sombra se esvai com sua luz;
Vigilantes, o Senhor esperemos:
Chegou o tempo do Advento de Jesus.

Refrão: Meus irmãos, penitência e oração! Arrumemos nossa casa co´alegria! Logo a ela, o Senhor vai chegar pelo ventre imaculado de Maria!


2º Domingo:

Outra vela, na cora acendemos,
Penitentes, nos caminhos do Senhor.
Consolando os aflitos busquemos
Novos céus e nova terra, com ardor!

Refrão: Meus irmãos, penitência e oração! Arrumemos nossa casa co´alegria! Logo a ela, o Senhor vai chegar pelo ventre imaculado de Maria!


3º Domingo:

A terceira vela hoje acendemos
E cantamos: “Alegrai-vos no Senhor!”
No deserto, uma voz escutemos:
“Praticai a justiça e o amor!”

Refrão: Meus irmãos, penitência e oração! Arrumemos nossa casa co´alegria! Logo a ela, o Senhor vai chegar pelo ventre imaculado de Maria!


4º Domingo:

Acendemos, hoje a última vela,
Pois tão logo o Emanuel já vai chegar.
Com Maria, todos juntos, na espera,
“Deus-Conosco”, pro seu Reino implantar!

Refrão: Meus irmãos, penitência e oração! Arrumemos nossa casa co´alegria! Logo a ela, o Senhor vai chegar pelo ventre imaculado de Maria!



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[1] Mui significativo é o rito da Kabalat Shabat, quando quase ao final do poema a assembléia se volta para a entrada da sinagoga, esperando a chegada da noiva, ou seja, do Sábado, e se contempla o poema que diz: “Vem em paz, com alegria e regozijo... vem noiva, Shabat a rainha...”.
[2] Cf. Missal Romano. Vigília Pascal, n. 12, p. 272. A eucologia do tempo do natal também traz rico elenco de preces que apontam para este mesmo sentido. Cf., por exemplo, a oração coleta da noite do natal: “... fizestes resplandecer esta noite santa com a claridade da verdadeira luz”; a oração coleta do quinto dia da oitava do natal: “... dissipastes as trevas do mundo com a vinda da vossa luz”; a antífona de entrada “b” da solenidade da Santa Mãe de Deus: “Hoje surgiu uma luz para o mundo...” (Is 9,2); a oração coleta do segundo domingo do natal: “... manifestai-vos a todos os povos no fulgor da vossa luz”; oração pós-comunhão da solenidade da epifania do Senhor: “... guiai-nos sempre e por toda parte com a vossa luz celeste...”; o prefácio do natal do Senhor I: “... nova luz da vossa glória brilhou para nós”. Estes são alguns dos muitos exemplos eucológicos que poderíamos citar.
[3] Ibidem, n. 9, p. 271.
[4] Ibid., n. 10, p.272.
[5] Antífona de entrada da quarta-feira para os dias de semana até 16 de dezembro: “O Senhor vai chegar, não tardará: há de iluminar o que as trevas ocultam e se manifestará a todos os povos” (Hbc 2,3: 1Cor 4,5). Cf. Missal Romano, p. 136.
[6] Várias antífonas de entrada expressam este aspecto da realeza de Jesus Cristo: Cf. dias 18, 20, 22 de dezembro; também a missa da aurora no dia de natal.
[7] Cf. Ofício Divino das comunidades, suplemento 1 – refrões meditativos, p. 23, n. 42.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Lançado CD do Hino da Campanha da Fraternidade 2011

A gravadora Paulus acaba de lançar o CD com o Hino da Campanha da Fraternidade 2011, “Fraternidade e a Vida no Planeta”, e os cantos quaresmais para o Ano A (2011). O trabalho traz o hino da CF e o repertório quaresmal correspondente a cada ano. As livrarias católicas de todo o país venderão o CD que acompanha o material da CF-2011.

De acordo com o assessor de música litúrgica da CNBB, padre José Carlos Sala, o hino poder ser executado em algum momento mais adequado da celebração, a critério da equipe de celebração e de quem preside. “O hino poderá ser executado, por exemplo, em algum momento da homilia, o que facilitará a vinculação da liturgia da palavra com a vida (tema da CF) – ou nos ritos finais, no momento do envio”, disse o assessor.

A obra

O CD está enriquecido com mais oito faixas inéditas para as celebrações quaresmais do ano A, além de outros cantos do Hinário Litúrgico da CNBB.

A letra do hino suscita uma profunda reflexão sobre a sustentabilidade da vida no planeta e faz veemente convite para cuidar da vida: “Nossa mãe terra, Senhor, geme de dor noite e dia. Será de parto esta dor ou simplesmente agonia? Vai depender só de nós...” (refrão do hino).

Padre Sala ressalta que vale lembrar que o lecionário dominical – embora trazendo nos dois primeiros domingos dos anos A, B e C o mesmo conteúdo evangélico (Deserto e Transfiguração de Jesus) – propõe três diferentes “itinerários” quaresmais: No ano A, os evangelhos estão intimamente relacionados com a temática do batismo (“Samaritana”, “Cego de nascença” e “Ressurreição de Lázaro”). No ano B, o acento recai sobre a pessoa de Jesus Cristo (“Expulsão dos vendilhões”, “Encontro com Nicodemos”, “O grão caído na terra”). Por fim, no ano C, a penitência e a conversão aparecem bem evidenciados (cf. parábolas da “Figueira estéril”, do “Filho pródigo” e o episódio da a “Mulher pecadora”).

“De acordo com suas potencialidades, as equipes de canto e música escolherão o melhor meio para apropriar-se desse rico repertório quaresmal que aparece no CD e ajudar os fiéis na assimilação dos cantos próprios deste tempo”, completa o assessor.



sábado, 6 de novembro de 2010

Reunião Coordenadores dia 06/11/2010

Na reunião dos coordenadores dos Ministérios de Música da Paróquia Senhor Bom Jesus, realizada neste sábado (6), foram debatidos assuntos como a venda antecipada do Hinário Litúrgico da Paróquia Senhor Bom Jesus com o custo unitário de R$. 10,00 (dez reais). Este Hinário tem a finalidade de aproximar a comunidade para que estes participem cantando a celebração juntamente com os ministérios de música, uma vez que todas as músicas estarão neste hinário. Os interessados já podem reservar seu exemplar com os coordenadores dos ministérios de música e também no escritório do salão paroquial.
No dia 26/11/2010 haverá a Renovação do Batismo na Igreja Matriz, para as crianças que farão a 1ª Eucaristia e a Pastoral da Criança foi convidada a cantar a celebração neste dia. Já no dia 03/12/2010 acontecerá a 1ª Eucaristia também na Igreja Matriz, ficando o Ministério de Música Santa Cecília responsável por cantar a celebração.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Escolhida música do hino da Campanha da Fraternidade de 2011

A letra do hino da Campanha da Fraternidade de 2011 já havia sido escolhida através de concurso realizado, de setembro a dezembro de 2009. Agora foi escolhida a música. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) recebeu mais de 80 músicas e a escolha foi feita por uma equipe formada por profissionais da área liturgico-musical e homologada pelos bispos do Conselho Episcopal de Pastoral (Consep).
O assessor de músicas da CNBB, padre José Carlos Sala, ressalta a riqueza das composições e a grande diversidade musical, própria da realidade cultural de nosso país. “A letra do hino tem profunda fundamentação bíblica, é um convite à reflexão sobre as agressões à vida no planeta e um impulso maior ao cuidado da vida. Nossa mãe terra, Senhor, geme de dor noite e dia. Será de parto essa dor? Ou simplesmente agonia?! Vai depender só de nós!”, destaca o assessor, citando um dos trechos do hino da CF 2011.
Desde 2006, por decisão dos bispos do Conselho Episcopal de Pastoral (Consep), o CD da Campanha da Fraternidade traz o hino e o repertório quaresmal correspondente a cada ano.
Segundo o padre Sala, o hino poder ser executado nas celebrações, a critério da equipe de celebração e de quem preside. “Por exemplo, em algum momento da homilia – o que facilitará a vinculação da liturgia da palavra com a vida (tema da CF) – ou nos ritos finais, no momento do envio”.
A Campanha da Fraternidade 2011 tem como tema: Fraternidade e a vida no planeta, lema: “A criação geme em dores de parto.” (Rm 8,22). A letra do hino foi composta pelo padre José Antônio de Oliveira, e a música é de Casimiro Nogueira. A CNBB agradece a todos aqueles que colocaram seus dons poéticos e musicais participando do concurso do Hino da CF 2011.


Hino da Campanha da Fraternidade 2011
Tema: “Fraternidade e a vida no planeta”
Lema: “A criação geme em dores de parto.” (Rm 8,22)


1. Olha, meu povo, este planeta terra:
Das criaturas todas, a mais linda!
Eu a plasmei com todo amor materno,
Pra ser um berço de aconchego e vida. (Gn 1)

Nossa mãe terra, Senhor,
Geme de dor noite e dia.
Será de parto essa dor?
Ou simplesmente agonia?!
Vai depender só de nós!
Vai depender só de nós!

2. A terra é mãe, é criatura viva;
Também respira, se alimenta e sofre.
É de respeito que ela mais precisa!
Sem teu cuidado ela agoniza e morre.

3. Vê, nesta terra, os teus irmãos. São tantos...
Que a fome mata e a miséria humilha.
Eu sonho ver um mundo mais humano,
Sem tanto lucro e muito mais partilha!

4. Olha as florestas: pulmão verde e forte!
Sente esse ar que te entreguei tão puro...
Agora, gases disseminam morte;
O aquecimento queima o teu futuro.

5. Contempla os rios que agonizam tristes.
Não te incomoda poluir assim?!
Vê: tanta espécie já não mais existe!
Por mais cuidado implora esse jardim!

6. A humanidade anseia nova terra. (2Pd 3,13)
De dores geme toda a criação. (Rm 8,22)
Transforma em Páscoa as dores dessa espera,
Quero essa terra em plena gestação!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Assuntos de Liturgia 2010

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL
48ª Assembleia Geral da CNBB
Brasília, 4 a 13 de maio de 2010 29/48ª AG(Sub)



5. MÚSICA LITÚRGICA


S. Agostinho, ao definir o canto litúrgico como “profissão sonora da fé”, já fala do “canto eclesiástico” como aquele que é apto para cumprir a função litúrgica que dele se espera. Trata-se, portanto, de uma arte essencialmente funcional, trata-se de música ritual.

Foi essa compreensão original que o Concílio Vaticano II veio resgatar, quando, ao falar de “Música Sacra”, a definiu como parte integrante da liturgia, e acrescentou que será tanto mais sacra, quanto mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica (SC 112). Assim compreendida, a Música Litúrgica não pode ser tomada apenas como adorno ou acessório facultativo da celebração cristã da fé. Ela não é coisa que se acrescenta à oração, como algo extrínseco, mas muito mais, como algo que brota das profundezas do espírito de quem reza e louva a Deus (Instrução Geral da Liturgia das Horas, 270).

Mais ainda, a Música Litúrgica participa da natureza sacramental ou mistérica de toda a liturgia, da qual sempre foi e sempre será parte essencial e sua expressão mais nobre (SC 113).

A música que se toca e canta nas celebrações é ação musical-ritual da comunidade em oração. É música a serviço do louvor ou do clamor deste povo, ao realizar os seus “Memoriais”. É música a serviço do “encontro” das pessoas humanas entre si e com as Pessoas Divinas. Não uma música qualquer. Não simplesmente uma bela música. Nem, apenas, piedosa. Mas uma música funcional, com finalidade e exigências bem delimitadas: um rito determinado, com seu significado específico, inserida em um tempo litúrgico próprio, sintonizada com a Palavra de Deus. Nem toda a música religiosa presta-se para o momento ritual. Há uma forte tendência em escolher uma música apenas por ser bela ou ser conhecida pelo povo, mas com um texto deslocado do momento ritual.

Essa compreensão da natureza funcional, da ritualidade da Música Litúrgica, é que, em cada caso, definirá as escolhas a serem feitas em termos de textos, melodias, ritmos, arranjos, harmonias, estilos de interpretação, etc. Tal funcionalidade ritual da música litúrgica vai, finalmente, exigir de todos os agentes liturgico-musicais, na realização da sua arte ou do seu ministério, além da competência técnica e artística, uma consciência e uma sensibilidade que só consegue atingir quem participa efetivamente de uma comunidade cristã, só quem tem uma vivência suficientemente profunda da fé, partilhada num ambiente eclesial.

Assim, os pastores do povo de Deus devem acompanhar com esmero e cuidado a caminhada litúrgico-musical de sua Igreja particular, garantindo formação adequada para seus agentes. É de fundamental importância a existência de uma Comissão Diocesana de Música Litúrgica, formada por pessoas competentes na área, que possam orientar todos os que exercem algum ministério litúrgico-musical em sintonia com a caminhada da Igreja no Brasil e num trabalho em conjunto com a pastoral litúrgica e o espaço litúrgico. “Convém que a autoridade eclesiástica territorial competente, crie uma Comissão litúrgica, que deve servir-se da ajuda de especialistas em liturgia, música, arte sacra e pastoral” (SC 44).

O Setor de Música Litúrgica vem realizando um cuidadoso processo de revisão do Hinário Litúrgico da CNBB, adaptando alguns cantos e acrescentando outros do vasto repertório que temos em nosso país. Antes de escolher qualquer música, a equipe de revisão procura retomar os critérios fundamentais da música ritual a fim de garantir um canto com fundamentos teológicos, bíblicos e litúrgicos. Após a conclusão deste trabalho do Setor, o texto será encaminhado para os Bispos da CETEL para a apreciação e aprovação.



6. NOVO ASSESSOR DO SETOR PASTORAL LITÚRGICA

A partir do dia 2 de agosto assumirá a função de assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, no setor Pastoral Litúrgica, o Pe. Hernaldo Pinto Farias, SSS. Ele substituirá Pe. Carlos Gustavo Haas que, após 4 anos e meio de serviços prestados à nossa Comissão, retorna à Arquidiocese de Porto Alegre para assumir a função de pároco da Catedral.

Ao Pe. Gustavo nosso agradecimento e ao Pe. Hernaldo nossas boas-vindas.

Dom Joviano de Lima Junior, SSS
Arcebispo de Ribeirão Preto – SP

Presidente
Dom Fernando Panico
Bispo de Crato – CE
Dom Sérgio Aparecido Colombo
Bispo de Bragança Paulista – SP

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

CANTO E MÚSICA LITÚRGICA NA CELEBRAÇÃO DO MATRIMÔNIO

“Cantando o Amor de Deus”


1. Um olhar para a realidade...

      Falar da celebração do matrimônio é um desafio para quem se atreve. Infelizmente, o que vemos em nossas comunidades é mais um ato de status do que a celebração do Amor de Deus pela humanidade, celebrada no amor humano. Quando casais de noivos vêm às nossas paróquias para marcar seu casamento, chegam com tudo já estabelecido pela questão social. E não é por menos que surgem conflitos desagradáveis ao se depararem com as orientações da Igreja, a respeito da celebração do matrimônio. Grande parte deles não possuem o mínimo de conhecimento litúrgico sobre o sacramento que irão receber, muito menos sobre as normas litúrgicas e o valor eclesial da celebração deste sacramento. Quando se trata das músicas para a celebração, percebe-se uma total ignorância a esse respeito. Trazem sugestões de músicas que não condizem nem um pouco com a ação ritual. Muitas músicas são escolhidas por questões sentimentais, subjetivas. Está errado. Está tudo errado! Há uma “indústria do matrimônio” que, consciente e/ou inconscientemente, ignoram as orientações litúrgicas do sacramento. Existem também corais especializados em cantar nos casamentos. Nossas paróquias também entraram nesta onda. Por outro lado, muitos padres, para não criarem situações desagradáveis, preferem deixar de lado toda e qualquer orientação litúrgica a respeito do matrimônio, principalmente em relação à música que se deve cantar. Nos cursos de noivos, prefere-se dar mais atenção às questões sobre: planejamento familiar, método natural entre outros assuntos, e quase nada trabalham o aspecto litúrgico do casamento. Também percebe-se pouca produção a este respeito por parte dos liturgistas. São raros os que se atrevem. Mas é inevitável que nos debrucemos sobre este tema, para que possamos promover uma verdadeira ação ritual em torno deste sacramento.

        No presente texto, buscaremos clarear um pouco o sentido teológico e litúrgico do sacramento do matrimônio, para depois refletirmos sobre o canto e musica litúrgica na celebração do casamento. É lógico que não faremos um tratado teológico sobre o matrimônio, mas alguns apontamentos para uma melhor compreensão do sacramento.


2. O Matrimônio na Sagrada Escritura

       A realidade que a Bíblia aborda em relação ao matrimônio, não é muito diferente daquela que vivemos hoje: infidelidade, adultério, egoísmo, desajustes familiares, falta de diálogo... Lançaram-se para descobrir a origem de tanta desordem na vivência conjugal e, logo de cara, descobriram que no início não foi assim, “Moisés permitiu o divórcio porque vocês são duros de coração. Mas não foi assim desde o início” (Mt 19,8). Contemplaram a grandiosidade do ideal do matrimônio e a missão da família na história humana. Deus criou o homem à sua imagem, “os criou homem e mulher” (Gn 1,27). Deus os criou para a complementariedade. O casal humano adquire, através do ato criador de Deus, a mesma dignidade e identidade de ser: “Deus os abençoou” (Gn 1, 28). “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe, e os dois serão uma só carne” (Mc 10,7). O homem e a mulher foram criados um para o outro e ambos para Deus. Mas o casal humano experimenta o desvio (cf. Gn 3,4-6). Fecha-se em si, no seu eu, numa liberdade sem referência. Tendo se distanciado de Deus, o casal se desequilibra, perde seu horizonte dentro do plano de Deus (cf. Gn 3,7-10). Este desequilíbrio afeta o relacionamento entre o homem e a mulher (ou: relacionamento do casal) e a própria missão da família no mundo. Começam as acusações, os sofrimentos... “Foi a mulher que tu me deste: ela me apresentou o fruto e comi...” (Gn 3,12).

         Diante desta desordem, das infidelidades, Deus segue uma longa pedagogia, fazendo com que o povo amadureça, até abraçar o ideal evangélico trazido por Jesus. A Antiga Aliança reflete bem a “dureza de coração” (Mt 19-8). Mas, mesmo com as inúmeras infidelidades, Israel tem consciência de ser o “povo eleito”. A melhor expressão para revelar o amor de Deus para com seu povo é o amor do esposo para com a esposa (cf. Os 2,21-22). Porém, o povo não é fiel a esta Aliança. Mas Deus, o esposo, é misericordioso, paciente e sempre perdoa essas infidelidades.

       Cristo prega a volta às origens. O papa João Paulo II, na “Familiaris Consortio” diz que: “A comunhão entre Deus e os homens encontra o seu definitivo cumprimento em Jesus Cristo, o Esposo que ama e se doa como Salvador” (nº. 13). O matrimônio torna-se, assim, sacramento da Nova Aliança. E é o Espírito Santo que torna o homem e a mulher capazes de se amarem como Cristo nos amou. Esta inserção na Nova Aliança se dá pelo batismo. Em virtude da sacramentalidade do matrimônio, o vínculo estabelecido entre homem e mulher atinge sua indissolubilidade. O amor conjugal é testemunha do Amor Salvador de Cristo pela humanidade, ao doar-se totalmente na Cruz. O sacramento do matrimônio é memória, atualização deste Amor de Cristo por nós. O amor conjugal engloba a totalidade do ser humano: corpo, sentimento, afetividade, aspirações... e dirigi-se a uma unidade profundamente pessoal que, mais do que “uma só carne” os torna “um só coração”.


 
3. Aspectos Teológicos do Matrimônio

         Ao falarmos dos aspectos teológicos do matrimônio, evidentemente estaremos falando da liturgia. Nas origens da Igreja, teologia e liturgia não se separavam. Da mesma forma, não pode haver oposição entre evangelização e sacramentos. Ambos se complementam.
        Os sacramentos se destinam ao culto a ser prestado a Deus. Na ação ritual acontece um duplo movimento: o homem glorifica a Deus, seu Criador, e Deus santifica o homem, sua criatura. A Constituição Sacrosanctum Concilium (SC) afirma que: “A liturgia é o cume para o qual tende toda a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte donde emana toda a sua força” (SC 10). Quando falamos em liturgia, pensamos em toda a ação ritual da Igreja. Isto inclui principalmente a celebração dos sacramentos e, no nosso caso, o sacramento do matrimônio. Os sacramentos supõem a fé e ao mesmo tempo a alimenta e fortalece. A graça sacramental exige uma resposta pessoal e só produz efeito quando esta resposta é integral e sincera. Exige uma recepção consciente e ativa. Por isso, é necessária uma boa catequese sobre o sacramento do matrimônio. Os sacramentos não são coisas e nem produzem efeitos mágicos, como às vezes se pensa. Sempre apelam para uma resposta consciente. Exige, pelo menos, fé de quem os recebe.

        Teologicamente, os sacramentos são sinais que simbolizam a graça que produzem e conferem. São gestos do amor de Cristo que um dia doou sua própria vida pela salvação da humanidade, que, hoje, é atualizada pela celebração dos sacramentos. Recordam o amor com que Cristo amou a Igreja e se entregou por ela. Esta doação é desinteressada, gratuita. O matrimônio simboliza este amor. Participa dele. Deste modo, os nubentes devem se entregar generosamente, desinteressadamente e radicalmente.

            São vários os gestos e símbolos sacramentais no matrimônio: dar as mãos, consentimento, as alianças, etc. Todos estes gestos e sinais nos ajudam a concretizar o que o sacramento significa.
            No matrimônio, os ministros são os próprios nubentes. Isto se dá pelo sacerdócio comum conferido no batismo. Sendo ministros do sacramento, exige-se deles a mesma consciência, formação e responsabilidade que se exige dos demais ministros: fé, estado de graça e vivência comunitária.
          Portanto, é mais do que urgente pensarmos numa catequese matrimonial adequada, que ajude os casais a celebrar dignamente o matrimônio.


4. A liturgia do Sacramento do Matrimônio

           Assim como toda a liturgia, o matrimônio não é um acontecimento que diz respeito apenas a quem se casa. É um acontecimento comunitário. Celebra-se a dimensão cristã e eclesial. Por este motivo, todos os envolvidos na ação ritual devem preparar com a devida atenção a celebração do sacramento. A celebração deve atingir todos na comunidade. A assembléia deve participar escutando com atenção as leituras, a homilia, fazendo silêncio, participando dos gestos previstos, respondendo as aclamações e acompanhando os nubentes naquilo que a eles compete. Embora a celebração do matrimônio comporte um caráter social, ela é essencialmente uma ação eclesial. É a fé da Igreja que se celebra. O presidente da celebração deve favorecer uma participação plena, consciente e ativa de toda a assembléia. É oportuno que a paróquia tenha uma equipe litúrgica que se preocupe com a celebração do matrimônio. A equipe cuidará da preparação da celebração, da ornamentação, orientará e acolherá os nubentes, familiares e convidados, executará os cantos litúrgicos. Esta equipe deverá se reunir algumas vezes para aprofundar a dimensão litúrgica do sacramento do matrimônio e de sua preparação. Cabe também, fazer uma preparação litúrgica com os noivos para que tenham conhecimento do rito do matrimônio. Este encontro, a própria equipe poderá realizar. É necessário também esclarecer a respeito das músicas a serem executadas durante a celebração, conforme as orientações litúrgicas. Devem orientá-los a respeito das fotos, filmagem, etc.


5. O problema da Música na Celebração do Matrimônio

        A questão do canto e música na celebração do matrimônio constitui um verdadeiro desafio pastoral para a Igreja hoje. A Instrução Musicam Sacram diz: “nada se introduza de meramente profano ou menos condizente com o culto divino” (43). Esta instrução se aplica de modo especial na celebração do matrimônio. O que vemos nos dias de hoje, é um abuso consciente ou inconsciente, no campo da música na celebração do matrimônio. Utilizam-se músicas que ferem expressamente o caráter sacramental do matrimônio. São músicas das mais estranhas proveniências, tais como: temas de filmes, sucessos das pistas, entre tantas outras, que evocam mais um sentimento subjetivo dos nubentes, do que a própria natureza da liturgia. Gostaria de citar apenas algumas músicas como: “Eu sei que vou te amar”, “Rei Leão”, “Titanic”, “Ghost”, “O Guarda Costas”, “A Bela e a Fera” e “O Fantasma da Ópera”... Tais músicas estão fora de tudo o que é previsto liturgicamente. Mas, para não ter confrontos com os nubentes, muitos padres e equipes preferem não forçar uma música mais adequada para a liturgia. A prevenção da Instrução Musicam Sacram é perfeitamente justificada. Precisamos trabalhar para um repertório litúrgico-musical mais adequado. No fascículo 4, do Hinário Litúrgico da CNBB, podemos encontrar boas sugestões de canto para a celebração do matrimônio. Mas este repertório precisa ser aumentado, com músicas que correspondam mais à nossa época e à cultura do nosso povo. Precisamos compor músicas para cada momento ritual da celebração, que expressem a verdadeira natureza da liturgia e do sacramento em questão. Eis aí uma batalha que precisa ser travada: uma catequese litúrgico-musical com os noivos e, ao mesmo tempo, a ampliação de um repertório específico para o Sacramento do Matrimônio. Se queremos combater os abusos, precisamos ter o que oferecer!


6. O Canto Litúrgico na celebração do Matrimônio

          A música participa da mesma finalidade da liturgia: glorificação de Deus e santificação do homem. Ela não é um adorno, mas parte integrante e necessária da ação litúrgica (cf. SC 112). A mesma Constituição afirma que “a música será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver unida à ação litúrgica” (SC 112). Isto vale para a música na celebração do matrimônio. Pio X no Motu Proprio Tra Le Sollecitudini diz que o ofício da música litúrgica é “revestir de adequadas melodias o texto litúrgico” (nº. 1). Por isso, a música na celebração do matrimônio submete-se à finalidade última da própria liturgia. “Na medida do possível, celebrar-se-ão com canto os Sacramentos e Sacramentais” (Musicam Sacram, 43).

Quanto às músicas a serem executadas na celebração do matrimônio deve-se obedecer três aspectos:

1. Aspecto Litúrgico: o texto, a forma, o estilo da música deve estar em sintonia com a natureza da liturgia.

2. Aspecto Musical: deve ser técnica, estética e boa.

3. Aspecto Pastoral: a música deve ajudar a assembléia a participar adequadamente da celebração.

            A questão é de caráter religioso-litúrgico, isto é, na celebração não se deve fazer música pela música, mas ela deve possibilitar a comunicação profunda com o Mistério da Salvação na liturgia. A música tem uma função ministerial, ela está a serviço da liturgia. O critério fundamental é: quanto mais a música estiver integrada à ação litúrgica, ritual, tanto mais ela será litúrgica e adequada. O Papa João Paulo II, no Quirógrafo sobre a Música Sacra diz: “Os vários momentos litúrgicos exigem, de fato, uma expressão musical própria, sempre apta a fazer emergir a natureza própria de um determinado rito” (nº. 5).


7. O que cantar e quando cantar na Celebração do Matrimônio

             Até agora nossa reflexão se preocupou com o Sacramento do Matrimônio nos seus aspectos bíblico, teológico e litúrgico. Somente compreendendo a natureza teológica e litúrgica deste sacramento poderemos então, tratar dos cantos específicos na celebração do matrimônio. O ideal é que o matrimônio seja celebrado dentro da missa. Mas a prática pastoral tem reservado este modo de celebrar para aqueles casais que possuem uma vivência eclesial participativa e consciente. Normalmente utiliza-se o Rito do Matrimônio sem Missa. Há várias razões para isto. Uma delas são as celebrações realizadas seqüencialmente e o péssimo costume das noivas atrasarem. Outra razão é que a celebração da eucaristia pressupõe fé e consciência e muitos dos que participam das celebrações de casamentos não a possuem adequadamente. Seria necessária uma catequese e isto nem sempre é possível. Quando o matrimônio é celebrado dentro da missa, as orientações a respeito do canto litúrgico seguem as da missa. Não se deve introduzir nada que seja estranho ao ambiente religioso.
         Como a maioria dos matrimônios são celebrados fora da missa, vamos nos concentrar no Rito do Matrimônio sem Missa.



8. Cantar o Sacramento do Matrimônio

              Como o Matrimônio se destina ao desenvolvimento e à santidade do povo de Deus, a sua celebração é essencialmente comunitária. A liturgia é o culto público da Igreja. Nela, toda a comunidade é convidada a participar. Por este motivo, não se deve celebrar o Matrimônio em lugares fechados, onde a participação de qualquer fiel seja impedida. Por ser o culto da Igreja reunida, devem-se evitar outros ambientes que não possuam a índole religiosa. Por isso não se celebra o casamento em chácaras, clubes, etc. É celebrado sempre na igreja, lugar oficial do culto da comunidade cristã.
           O atual Ritual do Matrimônio se preocupa em apresentar uma celebração mais significativa e participada, criando um ambiente religioso e sagrado, eliminando tudo o que é profano. A música e o canto são meios privilegiados para promover esta participação. “Os cantos escolhidos sejam de acordo com o Rito do Matrimônio, exprimindo a fé da Igreja” (Introdução Geral do Ritual do Matrimônio, 30).

            Falar dos cantos litúrgicos na Celebração do Matrimônio é um verdadeiro desafio. Quase não há bibliografia sobre esta matéria. Os autores litúrgicos trabalham exaustivamente a teologia, a liturgia, o rito, menos o canto litúrgico para este sacramento. Com certeza, por falta de uma reflexão adequada e, conseqüentemente, por ignorância de muitos, deram-se os abusos no campo da música, que hoje tentamos corrigir.

               Procurarei (As expressões anteriores estão na terceira pessoa do plural – grifadas por mim, na cor rosa. Seria bom padronizar, conforme sua escolha) levar em conta o costume comum e, em relação aos cantos e músicas na celebração do matrimônio, estabelecer, a partir da teologia e da liturgia do sacramento, a função ritual de cada canto. Mas fica o desafio para aqueles que são peritos em liturgia para darem um pouco mais de atenção a este respeito.


8.1. Canto de Entrada dos Noivos:

            Este canto é previsto no Ritual do Matrimônio. O ritual prevê que o sacerdote acolha os noivos a porta da igreja. Em seguida, faz-se a procissão de entrada até o altar. Enquanto acontece a procissão, canta-se um canto de entrada. Pastoralmente, isto não tem sido possível. Não é preciso dizer as razões. Mas é ideal que seja segundo a prescrição que está no ritual. O que acontece normalmente é a entrada do noivo, seguida da entrada da noiva, enquanto o sacerdote os espera no altar.

              Para a entrada dos noivos, o canto deve expressar o sentido da celebração. No matrimônio humano, celebramos o Amor de Deus pela humanidade inteira. Portanto, o canto de entrada deve expressar este mistério, o mistério do Amor de Deus realizado no amor humano. Este canto tem por finalidade abrir a celebração, unir os corações em torno do mistério do Amor de Deus, que atingiu a plenitude na doação da vida de Jesus Cristo para salvação de todos. Sendo assim, este canto não evoca somente os sentimentos do casal, mas de toda a comunidade reunida. Portando, não se trata de um canto qualquer. Eis um exemplo de canto de entrada:

1. Duas vidas a fé celebrando / a pulsar já num só coração, / para o altar vão na paz caminhando, / na certeza do amor-comunhão.
Refrão: Também Cristo, à Igreja se unindo / no mais santo e sublime esponsal, / fez do amor, entre esposos tão lindo, /sacramento do amor eternal.

2. O Senhor, vindo a nós, na alegria, / na harmonia de um lar quis nascer! / Matrimônio é então liturgia, / que faz vidas em Deus florescer!

(Hinário Litúrgico, Fasc. 4 – CNBB)

            Este canto expressa bem a índole do canto de abertura. É a liturgia que celebramos junto com a união dos noivos. Desta união, toda a Igreja participa, alegra-se e abençoa. Deixa bem claro o amor de Cristo pela Igreja e a natureza do matrimônio.


8.2. Salmo Responsorial

             A Liturgia da Palavra da celebração do matrimônio é bem rica. “A Liturgia da Palavra tem grande importância para a catequese que se deve fazer sobre o próprio sacramento e os deveres conjugais...” (Ritual do Matrimônio, 34). Além do texto bíblico escolhido para a celebração, é conveniente que se escolha um salmo. O próprio ritual apresenta uma seleção de salmos que podem ser usados na celebração. O salmo é uma resposta orante e por natureza foi composto para ser cantado. É Palavra de Deus e por isso merece toda a atenção assim como as demais leituras. Existem boas melodias para a execução do salmo. O modo mais apropriado e comum entre nós é como responso,: o salmista entoa as estrofes enquanto a assembléia responde com o refrão. Vale mencionar o maravilhoso trabalho feito pela Ir. Miria T. Kolling, no livro “Cantando os salmos e aclamações”. Este material, além das partituras, está gravado em cds.


8.3. Canto de Aclamação ao Evangelho

            Antes da proclamação do Evangelho é oportuno entoarmos o canto de aclamação ao evangelho. que, por sua própria natureza, é uma aclamação, um viva a Jesus que vem nos falar. Assim como Jesus está presente na Eucaristia, ele também está presente na Palavra proclamada. A aclamação ao evangelho é uma preparação. Deve criar um clima de expectativa, de prontidão. É um canto vibrante e alegre. A música deve traduzir este entusiasmo. Com ritmo marcado, deve comunicar exultação, alegria... A aclamação deve ser cantada por toda a assembléia.

Exemplo:
Refrão:

Viva Jesus, / que vai agora nos falar,
Mulher e homem, ó Senhor, vem libertar.
Deus é amor, caridade.

Se Deus nos amou deste modo,
Também nós nos devemos amar.

(Hinário Litúrgico, Fasc. 4 – CNBB)



8.4. Bênção das Alianças
           O Rito do Matrimônio propriamente dito acontece somente depois da Liturgia da Palavra. O rito consta de: diálogo, consentimento, bênção e entrega das alianças. Neste momento é costume fazer um canto. Normalmente faz-se a Ave Maria. Na verdade não se deveria haver canto neste momento, durante as palavras, que devem ser ouvidas por todos, sem algo que possa atrapalhar. Não existe música de fundo neste momento. Não há lugar também para a Ave Maria na liturgia do matrimônio. Quanto termina a entrega das alianças, aí sim poderia ser feito um canto. Mas este canto deve expressar o verdadeiro significado deste ato. As alianças que os nubentes entregam um ao outro não são apenas sinal de fidelidade e de amor entre ambos, mas significa o amor que Deus sente por todos os homens. São um selo de fidelidade. O casal que se torna fiel no amor conjugal torna-se igualmente fiel ao amor que Deus tem pelo seu povo. Quem é infiel no casamento quebra a Aliança com Deus.

Exemplo:

1-Aliança em meu dedo / é riqueza em minha mão, / ao vê-la, vês meu segredo: / tem dono o meu coração.

Refrão: Ó Pai, fizestes Aliança / com vosso povo na história: / vós sois a nossa esperança / neste momento de glória; / que a vossa fidelidade / encha o nosso coração, / para ser linda verdade / a aliança na nossa mão!

2. A eternidade se esconde / nesta aliança pequenina: / começa, não sabes onde, / nem sabes onde termina.

(Hinário Litúrgico, Fasc. 4 – CNBB)


8.5. Canto de Comunhão (quando houver)

            O Ritual do Matrimônio prevê que, quando houver comunhão eucarística, pode-se fazer um canto apropriado. Aqui vale os mesmos princípios para o canto de comunhão na celebração da eucaristia: deve expressar a comunhão das vozes enquanto se comunga. É um canto alegre e de índole comunitária, pois comungar é fazer comunhão com os irmãos e irmãs de fé. O próprio significado do canto de comunhão exige que dele todos participem. Quando há comunhão eucarística, a prática comum é somente o casal comungar. Às vezes, pais e padrinhos também participam da comunhão eucarística. Porém, é bom lembrar que a comunhão eucarística é própria da celebração da missa. Portanto, deve-se conduzir os fiéis para a participação na celebração da eucaristia. O canto deve expressar o amor de Deus no amor do casal, no amor humano.

Exemplo:
1. Os olhos do meu amado / refletem a luz do amor. / Quando os olhos são brilhantes, / são de Deus o esplendor!

Refrão: Eu sou para o meu amado / meu amado é para mim. / O amor faz o casamento, /foi Jesus que quis assim!

2. A face do meu amado / é o sol que me dá calor. / Nós somos imagem de Deus, / demonstrando seu amor!...

(Hinário Litúrgico, Fasc. 4, pág. 69)


8.6. Músicas na hora dos cumprimentos

             É costume, enquanto o casal cumprimenta os pais e padrinhos, algumas músicas serem cantadas. Neste momento, principalmente, acontecem grandes abusos. Temas de filmes, músicas espiritualistas, sucessos das pistas, entre outras tantas, são executadas neste momento. Um erro grave que deve ser corrigido com determinação. Os motivos que os noivos dão são muitos: “esta música tocou meu coração”, “marcou o nosso namoro” (tirei o efeito itálico, pois está entre aspas), etc. Mas estes motivos não justificam tamanho abuso. Volto a lembrar o que diz a Instrução Musicam Sacram: “não se introduza na celebração nada que seja puramente profano ou pouco compatível com o culto divino” (MS 43). O que se canta é o Amor de Deus que é testemunhado na união entre o homem e a mulher, no amor conjugal. Porém, a liturgia permite, de certo modo, o uso de músicas instrumentais e algumas obras clássicas na liturgia. Mas, mesmo em relação a estas músicas, devem-se ter critérios para sua escolha. Sobre isto, falaremos mais adiante. Na saída do casal pode-se entoar um outro canto, ou executar uma música instrumental enquanto saem pelo corredor central. O princípio é o mesmo que dos demais cantos.


9. Músicas instrumentais e clássicas na Celebração do Matrimônio

            Embora a música instrumental não seja parte necessária e integrante da liturgia, ela pode ser propícia para alguns momentos. A música cristã é, em primeiro lugar, essencialmente vocal. A música instrumental pode se tornar litúrgica em segundo plano, acompanhando o canto, auxiliando no rito. Ela pode promover ricos momentos de quietude e profunda interiorização. Mas fica sempre o primado da voz humana. A música instrumental não pode perturbar os corações e nem desviar as atenções do Mistério celebrado. A admissão da música instrumental na celebração litúrgica não se dá pelas suas próprias características, mas pela relação que ela deve estabelecer com a ação ritual. As condições de sua utilidade devem ser pastorais e litúrgicas, favorecendo a oração, a edificação da assembléia e a dignidade do templo. Mesmo que possa ser mais livre que a música litúrgica, deve participar de sua dignidade e finalidade. Existem várias obras clássicas que podem ser usadas na celebração do matrimônio. O importante é observar as regras gerais, para que não se utilize qualquer música instrumental. Deve-se evitar, por exemplo, músicas dos cantores Enya, Kenny G, Vangelis, Ray Connyf, temas de filmes, novelas, música instrumental romântica, entre outras. Estas não se justificam pelo fato de serem praticamente instrumentais. Entre as músicas clássicas que podem ser utilizadas, indico: Messias (G.F. Haendel), Ave-Maria (F. Schubert e Gounod), Pompa e Circunstância (E. Elgar), Adágio em Sol Maior (Albinoni), Jesus alegria dos homens (J. S. Bach), podendo ser tocadas para saida dos noivos.


10. Os grupos especializados em cantar nos casamentos

          Existem hoje muitos grupos, corais e orquestras que se especializaram em cantar e tocar nos casamentos. O problema é que, na maioria dos casos, não possuem uma adequada formação litúrgica para atuarem nas celebrações. São profissionais da música, mas não ministros do canto litúrgico com as devidas qualidades. Sem falar que isto se tornou um negócio rentável. O canto é o meio mais eficaz de se conseguir a participação da assembléia. Mesmo os grupos de cantores devem participar ativamente da ação litúrgica. Em princípio, a animação do canto na celebração do matrimônio, deve ser exercida pelos grupos e coros da própria comunidade. Porém, muitas comunidades ainda não se dispõem de grupos com repertório e formação adequada para atuarem neste campo. Por isso, se recorre aos grupos especializados em músicas para casamentos. A animação da música litúrgica não exige somente competência musical, mas também sensibilidade religiosa, fé e familiaridade com os ritos dos sacramentos. Estas qualidades dificilmente se encontrarão nos grupos especializados. É de suma importância então, fazer uma catequese litúrgica e musical com estes grupos, para que eles possam se adequar à finalidade da própria liturgia. Esta catequese deve aprofundar os elementos dos ritos litúrgicos, o caráter sagrado do culto e do templo, a identidade da música litúrgica e sua função ritual, o repertório para a celebração do matrimônio...


11. Uma palavra final

            Nota-se de todos os lados pouca atenção para este importante Sacramento da Igreja. É urgente que liturgistas, compositores, padres, agentes da liturgia e da pastoral matrimonial façam uma reflexão séria sobre a celebração e a música na celebração do matrimônio. Embora se exija uma música que seja litúrgica para o casamento, o repertório ainda é muito escasso. O desafio está aí! Precisamos enfrentá-lo com coragem e determinação. Precisamos resgatar o valor sacramental do matrimônio e corrigir os erros e abusos cometidos em sua celebração. Por seu valor não somente religioso, mas para a própria família humana, precisamos dar a devida atenção para o Sacramento do Matrimônio e sua celebração.

Bibliografia



1. Documentos da Igreja sobre a Música Litúrgica. São Paulo: Paulus, 2005.
2. CNBB. Estudo sobre os cantos da missa. Estudo 12. São Paulo: Paulinas, 1976.

3. CNBB. A Música Litúrgica no Brasil. Estudo 79. São Paulo: Paulus, 1999.

4. BECKHÄUSER, Fr. Alberto. Cantar a Liturgia. Petrópolis: Vozes, 2004.

5. CELAM. Manual de Liturgia III. São Paulo: Paulus, 2005.

6. BOROBIO, Dionísio. Pastoral dos Sacramentos. Petrópolis: Vozes, 2000.

7. BORTOLINI, José. Os Sacramentos em sua vida. São Paulo: Paulus, 1981.

8. CHARBONNEAU, Paul-Eugène. Curso de preparação ao casamento. São Paulo: Herder, 1971.

9. SCHEID, Dom Eugênio O. (coord.). Preparação para o casamento e para a vida familiar. Aparecida: Santuário, 1989.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Compositores discutem critérios para músicas dedicadas a Nossa Senhora

Termina hoje, 6, em São Paulo (SP), o Encontro de Compositores promovido pelo Setor de Canto e Música Litúrgica da CNBB. A reunião começou no sábado, 4, e discute critérios para a composição de músicas sobre a Virgem Maria.

“Trata-se de um momento de partilha da caminhada e tempo especial de formação no serviço de composição litúrgico-musical”, explica o assessor do Setor de Canto e Música Litúrgica da CNBB, padre José Carlos Sala, que coordena a reunião.

De acordo com o padre Sala, com o tema “O canto em memória de Maria”, o grupo de compositores visa ao aprofundamento dos critérios que podem auxiliar o compositor quando se trata de compor para celebrações em que ocorre a memória da figura de Maria.

“A devoção a Maria é muito marcante e intensamente presente nas comunidades, de norte a sul do país, e o compositor necessita de aprofundamento teológico, bíblico e litúrgico a fim de que as músicas a ela dedicadas estejam em sintonia com o pensamento da Igreja e, ao mesmo tempo, afinadas com a realidade cultural do povo”, esclarece o assesor.

Padre Sala explica, ainda, que toda celebração da Igreja cristã, inclusive as celebrações que são realizadas em memória de Maria, Mãe do Senhor, é sempre para o louvor do Pai, por Jesus Cristo, seu Filho, na comunhão e sob a inspiração do Espírito Santo. “Os referenciais básicos para a composição são a bíblia, a teologia mariana presente em nossa tradição, a cultura musical e a vida e história do povo”, disse.

O assessor da CNBB recorda que o texto que melhor inspira canções sobre a Virgem Maria é o hino que ela contou, de acordo com o evangelho de São Lucas, conhecido como Magnificat.

“É aí que podemos sintonizar de maneira mais profunda com os sentimentos de seu coração e sua experiência de fé, esperança e caridade: uma mulher pobre, profundamente solidária com sua gente, totalmente entregue à missão que Deus lhe confia, de servir incondicionalmente à causa maior da libertação de seu povo e de toda a humanidade, para que as promessas de Deus se realizem em plenitude, e o Reino aconteça “assim na terra como no céu”, acentua padre Sala.

O encontro conta com a participação de 35 compositores provenientes de todas as regiões do país. Na reunião, eles têm aprofundamento teológico, bíblico e litúrgico, além de oficinas de composição de música e letra. “Muitos deles são bem conhecidos por suas inúmeras composições e outros recém chegados que estão colocando seus dons a serviço do louvor da comunidade cristã”, recorda o assessor.

retirado do site: http://www.cnbb.org.br/site/comissoes-episcopais/liturgia/4599-compositores-discutem-criterios-para-musicas-dedicadas-a-nossa-senhora

Equipe de Reflexão de Música analisa repertório do Hinário Litúrgico

A Equipe de Reflexão de Música esteve reunida nos dias 7 e 8, na casa de encontros Lareira São José, em São Paulo, e contou com a presença do integrante da Comissão Episcopal para a Liturgia que acompanha mais diretamente o Setor de Música Litúrgica, dom Sérgio Colombo.

 Um dos trabalhos da equipe é a revisão do Hinário Litúrgico da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que consta de quatro fascículos (Tempo do Natal, Tempo Pascal, Tempo Comum e Santoral). O terceiro fascículo, que contém músicas para todos os domingos do tempo comum, está passando por uma cuidadosa revisão e atualização. “Esta revisão segue os critérios bíblicos, teológicos e litúrgicos priorizando músicas que estejam em sintonia com as características musicais da música brasileira e cada canto é escolhido observando o conjunto dos elementos da celebração do dia e o momento ritual a que está indicado”, destacou o assessor de música da CNBB, padre José Carlos Sala. Ainda segundo o assessor, há uma tendência muito presente nas comunidades de entoar qualquer canto em qualquer momento da celebração, ou cantar porque é “bonito” sem levar em conta os elementos centrais da celebração e sem fazer uma análise do texto que está sendo cantado. Por isso, segundo o padre Sala, é necessário uma constante formação litúrgico para os compositores e todos os agentes de música.

       O Setor de Música Litúrgica da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) conta com a colaboração de um grupo de reflexão para o encaminhamento de diversos projetos. O grupo é formado por ex-assessores de música e especialistas na área da música e liturgia que colaboram com o assessor na elaboração de subsídios, revisão e atualização do repertório e formação para compositores, além de auxiliar na reflexão a respeito dos principais desafios para a música litúrgica em nosso país.

     “O trabalho de formação de compositores é pensado e conduzido por esta equipe que acompanha de perto os desafios, anseios e necessidades dos agentes de música litúrgica”, ressaltou o assessor da CNBB


Qui, 09 de Setembro de 2010 11:54 cnbb .

domingo, 8 de agosto de 2010

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

A Assunção da Virgem em corpo e alma, após sua morte preciosíssima é, hoje, um dogma de fé cristã. Encontra-se contido em nossa página principal (em catecismo) detalhes explicativos sobre os dogmas que, resumidamente podem definir-se como verdades divinas propostas pela Igreja, e que devemos crer incondicionalmente, sob pena de cairmos em heresia.


Desta breve exposição se inclui que, nenhum católico poderá negar que a Virgem Mãe de Deus foi elevada ao céu em corpo e alma, após a morte.


O Papa Pio XII , no dia 1o. de novembro de 1950, na Basílica de São Pedro, dirigiu a cerimônia que ficou e ficará para sempre nos anais da Igreja Católica como a mais solenes da era contemporânea, o Dogma da Assunção da Virgem Mãe de Deus. Vejamos a alocução de Sua Santidade firmada nessa cerimônia:


“Veneráveis irmãos e amados filhos e filhas que vos haveis congregado em nossa presença e todos vós que nos ouvis nesta Santa Roma e em todos os lugares do mundo católico.


“Emocionados pela proclamação como um dogma de fé da Assunção ao céu da Santíssima Virgem em corpo e alma, exultando de alegria que inunda os corações de todos os fiéis, agora satisfeitos em seus ardentes desejos, sentimos irresistível necessidade de elevar junto convosco o hino de graças à amada providência de Deus, que quis reservar para vós a alegria deste dia e a nós o conforto de colocar sobre a fronte da mãe de Deus e da nossa mãe um brilhante diadema que coroa suas singulares prerrogativas.


“ Por um inescrutável desígnio do destino, aos homens da atual geração tão atormentados e afligidos, perdidos e alucinados, mas também sadiamente em busca de um grande Deus que foi perdido, abre-se uma parte luminosa dos céus, onde se senta, junto ao filho da justiça, a rainha mãe, Maria.


“Implorando há longo tempo, finalmente nos chega este dia, o qual por fim, é nosso. A voz dos séculos – deveríamos dizer a voz da eternidade – é nossa. É a voz que, com a ajuda do Espírito Santo, definiu solenemente o alto privilégio da celestial Mãe. E vosso é o grito dos séculos. Como se houvessem sido sacudidos pelas batidas dos vossos corações e pelo balbuciar dos vossos lábios, as próprias pedras desta patriarcal basílica vibram e juntamente com elas os inumeráveis antigos templos levantados em todas as partes em honra de Maria, monumentos de uma só fé e pedestais terrenos do celestial trono da glória da Rainha do Universo, parecem exultar em pequenas batidas. E neste dia de alegria, desde este pedaço do céu, juntamente com a evangélica onda de satisfação que se harmoniza com a onda de exultação de toda a Igreja militante, não pode deixar de descer sobre as almas uma torrente de graças e ensinamentos, frutíferos despertadores de renovada santidade. Por esta razão, para tão altíssima criatura, levantamos, cheios de fé, os nossos olhares da terra – nesta nossa época, entre a nossa geração – e gritamos a todos: “Levantai os vossos corações”.


“As muitas intranqüilas e angustiosas almas, triste legado de uma idade violenta e turbulenta, almas oprimidas, porém não resignadas, que já não crêem na bondade da vida e aceitam-na somente como se fossem obrigadas a aceitá-la, ela lhes abre as mas altas visões e as conforta para contemplar que destino e que obras ela há sublimado, ela , que foi eleita por Deus para ser Mãe do mundo, feita em carne, recebeu docilmente a palavra do Senhor.


“E vós, que estais mais particularmente próximo de nosso coração, vós pobres enfermos, vós refugiados, vós prisioneiros, vós os perseguidos, vós com os braços em trabalho e o corpo sem abrigo, vós nos sofrimentos de toda índole e de todas as nações, vós a quem a passagem pela terra só parece dar lágrimas e privações, por mais esforços que se façam ou que se deverão fazer para acudir em vossa ajuda; levantai vossos olhares para Ela que, antes de vós, percorreu os caminhos da pobreza, do exílio e da dor; para Ela, cuja alma foi atravessada pela espada ao pé da cruz e que agora contempla, como olhar firme, desde a luz eterna, este mundo sem paz, martirizado por desconfianças recíprocas, pelas divisões, pelos conflitos, pelos ódios a tal ponto que se debilitou e se perdeu o sentido do temor em Cristo. Enquanto suplicamos com todo o ardor que a Virgem Maria possa assinalar o retorno do calor, do afeto e da vida aos corações humanos, não nos devemos cansar de recordar que nada deve prevalecer sobre o fato, sobre a consciência de sermos todos filhos da mesma Mãe, laço é de união através do místico Corpo de Cristo, uma nova era e uma nova Mãe dos vivos, que quer conduzir todos os homens à verdade e à graça de seu divino Filho.

A FESTA DA ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA

                                                              A festa da Assunção de Nossa Senhora é uma das mais  antigas da Igreja. No ano de 600 já a Igreja Católica festejava este dia de glória de Maria Santíssima.  A festividade de hoje lembra como a Mãe de Jesus Cristo recebeu a recompensa de suas obras, dos seus sofrimentos, penitências e virtudes.  Não só a alma,  também o corpo da Virgem Santíssima fez entrada solene no céu. Ela, que durante a vida terrestre desempenhou um papel todo singular, entre as criaturas humanas, com o dia da gloriosa Assunção começou a ocupar um lugar no céu que  a distingue de todos os habitantes  da celeste Sião.

                                                          Só Deus  pode dar uma recompensa justa;  só Ele  pode remunerar com glória eterna serviços prestados aqui na terra;  só Ele pode tirar toda a dor, enxugar todas as lágrimas e encher nossa alma de  alegria indizível e dar-nos uma felicidade  completa. Que recompensa o Pai Eterno não teria dado àquela que por ele mesmo tinha sido eleita, para ser a Mãe do Senhor humanado? Se é impossível descrever as magnificências do céu, impossível é fazermos idéia adequada da glória que Maria Santíssima possui, desde o dia da Assunção. Se dos bem-aventurados do céu o último goza de uma felicidade infinitamente maior que a  do homem mais feliz no mundo, quanta não deve ser a ventura daquela que, entre todos os  eleitos, ocupa o primeiro lugar;  aquela  que pela Igreja Católica é saudada: Rainha dos Anjos, Rainha dos  Patriarcas, Rainha dos  Profetas, Rainha dos Apóstolos, dos Mártires, dos Confessores, das Virgens, Rainha de todos os  Santos!

                                                          Que honra, que distinção, que glória não recebeu Maria Santíssima pela sua gloriosa Assunção!  Esta distinção honra também a nós e é o motivo de  nos alegrarmos.  Maria, que agora é Rainha do Céu, foi o que nós somos, uma criatura humana e como tal, nasceu e morreu, como nós nascemos e  devemos morrer; mais que qualquer outra, foi provada pelo sofrimento, pela dor. Pela glória com que Deus a distinguiu, é honrado o gênero humano inteiro e  por isso a elevação de Maria à maior das  dignidades no céu é o motivo para nos regozijarmos.  Outro  motivo ainda de alegria temos no fato de Maria Santíssima  ser a  Medianeira  junto ao trono divino.

                                                          O protestantismo não se  cansa de repetir  que a Igreja Católica adora os  Santos. Doutrina da Igreja Católica é que os Santos podem interceder por nós, e que suas orações tem grande  valor aos olhos de Deus;  por isto, devemos invocá-los e pedir-lhes a intercessão. Esta doutrina, baseada  na Sagrada Escritura, é além  disto mui racional.  Os Santos não são  iguais em santidade  e  por isto seu valor de intermediários não é o mesmo.  Entre todos os  habitantes da Jerusalém, a mais santa, a mais próxima de Deus  é Maria  Santíssima.  A intercessão de Maria deve,  portanto, ser mais agradável a  Deus e mais  valiosa para nós.  São Bernardino de Siena chama Maria Santíssima a  “tesoureira da  graça  divina”;  Santo Afonso vê em Maria  o “ refúgio e a  esperança dos  pecadores”, e a  Igreja Católica  invoca-a sob os títulos de “ Mãe da divina graça, Porta do céu. Advogada nossa”.  Maria Santíssima é a nossa Mãe, nossa grande medianeira, pelo fato de ser a Mãe de Jesus Cristo, nosso grande mediador.

                                                          O dia de sua gloriosa Assunção é para nós um grande “Sursum corda”.  Levantemos os nossos  corações ao céu, onde está nossa Mãe. Invoquemo-la  em  nossas  necessidades, imitemo-la  nas virtudes. Desta sorte, tornando-nos cada vez mais semelhantes ao nosso grande modelo, mais dignos seremos da sua intercessão e mais garantidos da nossa  salvação eterna.

                                                          A Assunção de  Nossa Senhora é uma verdade, que foi acreditada desde os  primeiros anos do cristianismo, e declarada  Dogma  em 1950 pelo Papa Pio XII.  Eis  um trecho de um sermão de São João Damasceno, sobre o mistério da ressurreição e Assunção de Nossa Senhora:  “Quando a alma da Santíssima Virgem se lhe separou do puríssimo corpo, os Apóstolos presentes em Jerusalém, deram-lhe sepultura em uma gruta do Getsêmani. Tradição antiqüíssima conta que,  durante três dias, se ouviu doce cantar dos Anjos. Passados três dias não mais se ouviu o canto. Tento entretanto chegado também Tomé e desejando ver e venerar o corpo,  que tinha concebido o Filho de Deus, os Apóstolos  abriram o túmulo  mas não  acharam mais vestígio do corpo imaculado de Maria, Nossa Senhora.   Encontraram apenas as mortalhas, que tinham envolvido o santo corpo, e perfumes  deliciosos enchiam o ambiente. Admirados de tão grande milagre, tornaram a  fechar o sepulcro, convencidos de que Aquele  que quisera encarnar-se no seio puríssimo da Santíssima Virgem, preservara também da corrupção este corpo virginal e o honrara pela gloriosa assunção ao céu, antes da ressurreição geral”

 REFLEXÕES

Como deve ser suave a morte como termo de  uma  vida  santa! Se queres ter uma morte santa,  imita a Maria Santíssima na prática das virtudes, principalmente na fé, na confiança em Deus, no amor a Deus e ao próximo, na humildade, paciência e mansidão, na incomparável pureza, na conformidade absoluta à vontade  de Deus. Não há nenhuma destas virtudes, cuja prática esteja acima das tuas forças. Não te importa que os homens te desprezem, se Deus te dá tua estima. Que importa se os homens te abandonarem, sendo Deus  teu amigo e protetor?  É indiferente que sejas rico ou pobre, se possuíres a Deus.  Que são os sofrimentos, tribulações, pobreza, fome, sede  e  doença em comparação com uma boa morte, que te transportará para uma glória e  felicidade sem fim?  Quem  mais participou da Paixão de Jesus Cristo do que sua Santa Mãe?  Há, entre os Santos todos, um só, que tenha sofrido como Maria Santíssima?  Não é Ela  a  Rainha dos Mártires? Não obstante é a bendita entre as mulheres, a Esposa do Espírito Santo, a eleita da Santíssima Trindade.

Também nós havemos de  seguir  o caminho da cruz, para nos tornarmos dignos da eterna glória.  À Vista de  Maria Santíssima ao pé da cruz e  seu divino Filho pregado no lenho da ignomínia, devem emudecer nossas  queixas, nossos  desânimos.

Lembremo-nos ainda que hoje é o dia das Mil Ave-Marias. Esta prática salutaríssima, vêm dos nossos avós, por antiga tradição católica. É preciso difundir cada vez mais, principalmente no seio da família este dia tão especial, para que nossos pósteros levem adiante esta chama tão preciosa de graça e de bênção de valor inimaginável. É muito salutar passar o dia rezando, intensa e continuamente as Ave-Marias em honra a Maria Santíssima. É como que fazer um retiro espiritual em meio às nossas atividades cotidianas. Delas podemos alcançar por intercessão de Maria,  copiosas bênçãos e graças espirituais ou mesmo as  temporais que nos afligem nesta peregrinação terrestre. Coloquemos hoje, nas mãos amorosas de Nossa Senhora, todas as nossas dificuldades, aflições e intenções mais íntimas.  Façamos o possível para, pelo menos, lembrar-nos de repetir continuamente a oração da Ave-Maria, ainda que mentalmente, desde o alvorecer até o anoitecer. Ainda que o ideal fosse não só contar as Ave-Marias, mas meditar todos os respectivos mistérios do Rosário, as nossas atividades diárias, no automóvel, no trabalho, na escola, no lar,  podem impedir meditação adequada. Não importa, o que vale é passarmos o dia rezando, sempre que pudermos,  essa oração poderosa tanto para os ataques do mal, quanto para obtermos as graças daí advindas. 

domingo, 1 de agosto de 2010

CURSO SOBRE SALMOS COM IONE BUYST

MINISTÉRIO DO SALMISTA
INTRODUÇÃO
No primeiro livro desta coleção, A Palavra de Deus na liturgia, falamos sobre a importância desta Palavra como reali¬dade sacramental. Lembramos como o Senhor tem uma Pala¬vra viva, atual, transformadora, para cada comunidade cele¬brante e para cada um(a) dos participantes. Lembramos que Jesus Cristo é o centro da liturgia da Palavra e que ele nos fala por seu Espírito em cada celebração e nos envia como testemu¬nhas dele. Falamos ainda das várias partes da liturgia da Pala¬vra e como podemos realizá-las.
O presente livro, que é o número 2, supõe que você já tenha lido o anterior. Haverá um terceiro, falando sobre a homilia, que também diz respeito à Palavra de Deus na liturgia. Os três textos formam, portanto, um conjunto.
De que vamos tratar agora? Como bem diz o título, do ministério de leitores e salmistas: quem pode assumir este mi¬nistério, em que consiste este serviço, onde encontrar e como preparar e proclamar uma leitura e um salmo, como proclamar um evangelho ... Quando falarmos de leitores e salmistas esta¬remos nos referindo sempre a homens e mulheres que assu¬mem este serviço na comunidade.
Neste segundo livrinho, estaremos aproveitando alguns artigos publicados na Revista de Liturgia. Estamos escrevendo para comunidades pertencentes à Igreja Católica Romana, mas certamente outras Igrejas se reco¬nhecerão neste pequeno escrito, feito em perspectiva ecumênica. Da mesma forma, também comunidades católicas poderão aprender com estudos feitos em outras Igrejas cristãs. Na Igreja Católica, os seguintes documentos são uma referência impor¬tante para o serviço de leitores e salmistas:

SC = Sacrosanctum Concilium: a constituição conciliar (Concílio Vaticano 11, 1964) sobre a Sagrada Liturgia. O texto pode ser encontra¬do no Compêndio: Vaticano H mensagens, discursos, documentos. São Paulo, Paulinas, 1998.

IGMR = Introdução Geral ao Missal Romano. O tex¬to encontra-se no início do Missal Romano.

IELM = Introdução ao Elenco das Leituras da Missa.

Para citar as Sagradas Escrituras, usamos a tradução da Bíblia Sagrada Edição Pastoral, Paulus, São Paulo, com algu¬mas pequenas alterações. A numeração dos salmos segue sem¬pre a Bíblia hebraica, como se faz na maioria das bíblias hoje em dia. (Os lecionários costumam seguir a numeração da tra¬dução grega da Bíblia.)
Sugerimos o estudo do texto em comunidade ou na reu¬nião da equipe de liturgia, completado com a leitura individual. Sempre que possível, abram a Bíblia, leiam, analisem e medi-tem as passagens indicadas. Analisem a prática litúrgica de vocês, aproveitando as perguntass ao longo do texto.


O ministério dos salmistas

Quase tudo aquilo que falamos do ministério de leito¬res vale igualmente para salmistas, porque o salmo de resposta é uma leitura cantada. Aqui apenas complementaremos o que é específico do salmo e do ministério dos salmistas.
13. O que é um salmo?

Salmo é um cântico executado ao som do saltério, um instrumento musical de cordas, parecido, digamos, com o nos¬so violão. Na Bíblia encontramos um livro, chamado "Saltério" ou "Louvores", com 150 salmos. Há outros salmos ou cânticos bíblicos espalhados ao longo dos outros livros da Bíblia.
Ao longo de toda a sua história, o povo de Deus foi expressando sua fé e sua vida cantando, suplicando e agrade¬cendo ao Senhor Deus. Os salmos quase sempre partem da situação difícil da vida e da história dos pobres: doença, sofri¬mento, desprezo, perseguição, ataques do inimigo, expulsão da terra, exílio, prisão, morte ...
Mas sempre terminam louvan¬do e agradecendo ao Senhor por sua presença, por sua aliança, sua solidariedade, sua proteção ...
Muitas vezes escritos na primeira pessoa (eu), foram as¬sumidos na liturgia do povo judeu como sendo uma expres¬são comunitária. É todo o povo que, a uma só voz e um só coração, como esposa do Senhor, expressa diante dele sua fé, sua adesão à lei do Senhor, à Palavra do Senhor. Assim, o povo judeu nos deixou uma herança riquíssima, de teor espiritual incalculável. Gerações e gerações alimentaram e continuam ali¬mentando sua fé orando e cantando salmos.
2. Os salmos nas comunidades cristãs
As comunidades cristãs foram entendendo os salmos como profecias de Jesus, o Cristo. Orientadas pelo Espírito San¬to, foram reinterpretando os salmos a partir dos acontecimen¬tos da morte-ressurreição de Jesus e também a partir de sua própria vida e missão, enquanto comunidades cristãs.
Leiam, por exemplo, Atos 4,23-31. Vejam como a comunidade ouve o relato da prisão de Pedro e João e do interrogatório deles no sinédrio. Vejam como, de repente, interpretam este fato a partir do Salmo 2: "Os reis da terra se insurgem e os príncipes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu Messias. Foi o que aconteceu nesta cidade: Herodes e Pôncio Pilatos se uniram com os pagãos e os povos de Israel contra Jesus, teu santo servo, a quem ungiste ... ". Portanto, temos aí três coisas relacionadas: os fatos da vida, os salmos, o Espírito Santo que aponta para Jesus, o Cristo.

Em Lucas 24,44-48 Jesus diz: " ... é preciso que se cum¬pra tudo o que está escrito a meu respeito na lei de Moisés, nos profetas e nos salmos. "
Muitas outras passagens do Novo Testamento confirmam esta prática.

Comparem, por exemplo:

Mateus 21,42 (Salmo 118,22-23); Mateus 23,39 (Salmo 118,26)
Mateus 26,23 eJo 13,18 (Salmo 41,10); Mateus 27,45-46 (Salmo 22,2);
João 2,17 (Salmo 69,10);
João 15,25 (Salmo 35,19)
João 19,28-29 (Salmo 69,22);
Atos 2,24-28 (Salmo 16,8-11);
Atos 2,32-36 (Salmo 110,1);
Hebreus 10,5 (Salmo 40,7-9).

Se quisermos orar com os salmos hoje, teremos de se¬guir o mesmo "método" das primeiras comunidades.

3. O salmo de resposta na liturgia da Palavra
Os salmos ocupam um espaço bastante significativo na liturgia cristã. Antes de tudo, são o elemento principal na Liturgia das Horas (ofício divino), juntamente com os cantos bíblicos do Antigo e Novo Testamento. Na celebração dos sa¬cramentos e sacramentais estão previstos como cantos processionais (entrada, oferendas, comunhão e outros) e ain¬da ... como Salmo responsorial, também chamado de "Salmo de resposta”
O salmo de resposta foi reintroduzido pelo Concílio Vaticano 11, depois de 13 séculos de desaparecimento. Recupe¬rou seu espaço como canto após a primeira leitura da liturgia da Palavra. É resposta em dois sentidos:
• porque o povo responde com um refrão aos versos can¬tados pelo salmista;
• porque o salmo é escolhido de acordo com a primeira leitura e de alguma maneira responde a esta.
É parte integrante da liturgia da Palavra, tem valor de leitura bíblica. Por isso, o salmo de cada dia vem indicado no elenco de leituras e vem impresso no Lecionário. Portanto, não deve ser substituído por outro canto. Todos temos o direito de usufruir desta importante herança deixada pela tradição do povo judeu e das primeiras comunidades cristãs.
O salmo de resposta consiste em um salmo com um refrão, quase sempre tirado do próprio salmo. Nem sempre é de "meditação": às vezes é de louvor, de súplica, de lamentação etc. Algumas vezes o salmo vem substituído por um cântico bíblico. Embora o Lecionário faça uma escolha de alguns ver¬sos do salmo, parece melhor ouvir o salmo por inteiro, confor¬me a mais antiga tradição.
Os salmos na liturgia participam da função memorial de toda a liturgia. Fazem parte da ação ritual, objetiva, que expressa e faz acontecer a salvação. São revelação, profecia de Cristo, do Espírito Santo, da Igreja, do Reino, celebração do mistério pascal. São pedagógicos (ensinam-nos a rezar) e mistagógicos (introduzem-nos no mistério); operam a trans¬formação pascal.
Mas isto supõe de nossa parte um "trabalho": devemos ouvir e cantar prestando atenção à letra e à música, relacionando o salmo com as leituras ouvidas e com a nossa vida pessoal e social. Devemos "entrar" no salmo com todo o nosso ser, com toda a nossa realidade. Sou eu que clamo ao Senhor ... Ao mesmo tem¬po, este eu está ligado ao eu da comunidade como um todo e até de toda a humanidade, e ao "eu" de Jesus Cristo. Santo Agosti¬nho nos diz que Cristo é o cantor dos salmos e nos convida a deixar o Cristo (com seu Espírito) cantar em nós.

4. Onde encontramos o salmo de resposta?
O texto do salmo, com o refrão e os versos escolhidos de acordo com a primeira leitura, encontram-se no Lecionário.
Nas páginas finais de cada volume do "Hinário Litúrgico" da CNBB, encontramos quadros com a referência do salmo de cada celebração e a indicação das páginas onde podemos encontrar partituras. Há CO's acompanhando cada volume do Hinário. Nada impede que sejam usadas outras melodias para o salmo indicado no Lecionário, contanto que se conserve este princípio: quem canta o salmo é o salmista; o povo ouve e responde com o refrão.


5. O problema da numeração dos salmos

Várias vezes já nos referimos a duas maneiras diferentes de numerar os salmos: a da Bíblia hebraica e a da tradução grega da Bíblia. Em que consiste esta diferença, de onde vem e como lidar com ela na prática?
A confusão em torno da numeração dos salmos já vem de longe, da tradução grega, feita em torno do ano 250 antes de Cristo. Quando o tradutor chegou no Salmo 10, pensou que fosse a continuação do Salmo 9 e traduziu os dois como se fossem um salmo só. Assim o salmo que na Bíblia hebraica era Salmo 11, começou a ser Salmo lOna tradução grega. Por isso, a numeração hebraica tem um número na frente da nu¬meração grega. Como esta, há várias outras alterações na nu¬meração dos salmos. Eis o esquema das diferenças:

Bíblia hebraica: 1-8 9 - 10 11 - 113 114-115 116 117 - 146 147 148 - 150

Tradução grega: 1-8 9 10 - 112 113 114 - 115 116 - 145 146 - 147 148 - 150

Assim, exemplificando: o salmo O Senhor é meu pastor é o n. 23 na Bíblia hebraica e o n. 22 na tradução grega. Se quiser conferir qual é a numeração usada em sua Bíblia, verifique a numeração deste Salmo tão conhecido. A maioria das bíblias e outras publicações costumam colocar o outro número entre parêntesis: salmo 23(22) ou Salmo 22(23). Todo cuidado é pou¬co. Principalmente porque os Lecionários da Igreja Católica con¬tinuam usando a numeração da tradução grega da Bíblia.


6. Os salmos no Lecionário Dominical

Por ser a celebração dominical a mais importante de todas, reproduzimos aqui em forma de esquema a indicação dos salmos de cada domingo, nos três anos do Lecionário: A, B e C. A numeração seguida é a da Bíblia hebraica, como na maioria das bíblias atuais, no Hinário Litúrgico da CNBB e no Ofício Divino das Comunidades:


7. Os Salmistas

Já que salmo de resposta é como uma leitura cantada, o salmista pode ser considerado um cantor-leitor, ou cantora¬leitora. Salmodiar é uma arte; precisamos aproveitar os dons que Deus deu a certas pessoas. É também um ofício que se aprende; daí a necessidade de uma boa preparação e formação. Que tipo de formação?

• Uma formação bíblico-litúrgica: aprofundar o senti¬do literal e cristológico dos salmos; estudar cada sal¬mo em sua relação com a primeira leitura e com o projeto de salvação de Deus.

• Uma formação espiritual: saber orar com o salmo, saboreá-lo como Palavra de Deus para nossa vida atual; saber cantar de forma orante.

• Uma formação musical: saber usar a voz de forma adequada, com boa dicção; se for o caso, até saber ler uma partitura simples; aprender as melodias dos sal¬mos de resposta; saber se entrosar com os instrumen¬tos musicais que eventualmente acompanham o canto do salmo.

• Uma formação prática: saber manusear o Lecionário e o 'Hinário litúrgico"; saber em que momento subir à estante, como se comunicar com a assembléia, como usar o microfone ... ; conhecer os vários modos possí¬veis de se cantar o salmo ...


8. Como cantar o salmo?
"Cabe ao salmista ou cantor do salmo cantar de forma responsorial ou direta o salmo ou outro cântico bíblico, o gra¬dual (isto é, o salmo responsorial) e o 'aleluià, ou outro cântico entre as leituras. Ele mesmo pode iniciar o 'aleluià e o versículo, se parecer conveniente" (IELM, n. 56). "Forma direta' quer dizer: o salmista canta ou recita o salmo sozinho sem interven¬ção da comunidade. "Forma responsorial" é a forma mais co¬mum entre nós, quando o salmista canta os versos e a comuni¬dade intervém com o refrão.
O salmo é cantado da estante da Palavra, como as ou¬tras leituras bíblicas. Como na proclamação das outras passa¬gens bíblicas, é fundamental a comunicação com a comunida¬de, não só através da voz, mas ainda através da postura e da expressão do rosto, que deverão transmitir o sentido orante do salmo.
Se for preciso alguém orientar o canto do refrão, que não seja o salmista, e sim, o dirigente do coro ou o animador do canto do povo. Cada qual fique com sua função e somente com a sua.

Geralmente, o canto do salmo vem acompanhado de instrumentos musicais, embora isto não seja necessário. Inclu¬sive vale lembrar que, principalmente no salmo e nos cânticos bíblicos, os instrumentos deverão ser muito discretos. O que deve ser ouvida é a voz do salmista proclamando o texto sagra¬do. Os instrumentos deverão apenas apoiar, acompanhar dis¬cretamente, sem se sobrepor ao canto, sem impor seu ritmo, principalmente durante os versos cantados pelo(s) salmista(s).
Por causa de seu caráter de leitura cantada, a melodia para os versos do salmo deverá ser de preferência bastante simples, tipo recitativo.8 Embora não se exclua outra forma musical, já conhecida do povo, como por exemplo, as melodias do Oficio Divino das Comunidades. No entanto, se forem usadas como salmo responsorial, este será cantado por solista ou solistas; por exemplo, uma voz masculina e outra feminina, alternando.
O salmo poderá ser introduzido pelo animador da cele¬bração, o qual poderá fazer uma breve motivação, preparando nosso coração para responder ao Senhor, ligando o salmo com nossa vida e com a leitura proclamada.

Na seqüência, teremos, portanto:

• Primeira leitura. Breve silêncio.
• Motivação por parte do animador ou animadora.
•Refrão cantado pelo salmista, repetido pela comunida¬de, com ou sem acompanhamento de instrumentos.
• Versos do salmo cantados pelo(s) salmista(s), com a comuni¬dade alternando com o refrão, com ou sem acompanhamen¬to de instrumentos.
PERGUNTAS PARA REFLEXÃO
1) Nossa comunidade tem levado a sério o salmo responsorial, principalmente nas celebrações de domingo?
2) Este salmo tem sido alimento para sua fé? Ou é apenas uma formalidade?
3) O que se tem feito para os participantes da comunidade aprenderem a cantar e rezar com os salmos?
4) Os salmos têm sido comentados na homilia alguma vez?