terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Método da Leitura Orante do Salmo Responsorial (quatro passos)

Antes da leitura, é importante a gente se recolher, pedir humildemente a ajuda do Espírito Santo.
A leitura orante supõe participação na comunidade e nos trabalhos (missão) que ela faz dentro e fora da Igreja.

1º passo: Ler


• Ler e reler o texto (salmo responsorial), baixinho e em voz alta, escutar o texto (alguém está falando!).
• Prestar atenção a cada palavra, às idéias, às imagens, ao ritmo, à melodia...
• Tentar entender o texto (no contexto em que foi escrito).
• Se for possível, recorrer também a um bom comentário de um biblista.

2º passo : Meditar

• Repetir o texto ( ou parte dele) com a boca, a mente e o coração: não “engolir” logo o texto, e sim, “mastigar”, “ruminar”, tirando dele todo o seu sabor; não ficar só com as idéias que contém, mas deixar as próprias palavras mostrarem a sua força: aprender de cor (= de coração!) pelo menos uma parte do texto.
• Penetrar dentro do texto, interiorizá-lo; compreender, interpretá-lo a partir de nossa realidade; identificar-nos com ele: perceber como o texto expressa nossas próprias experiências, sentimentos e pensamentos. Principalmente no caso dos salmos, estas experiências podem ser entendidas também como se referindo a Jesus Cristo.
Trata-se de atualizar o texto: perceber como o texto acontece hoje, em nossa realidade pessoal, comunitária e social; perceber qual a palavra que o senhor poderá está nos dizendo...

3º passo: Orar

• Deixar brotar de dentro do coração, tocado pela Palavra, uma resposta ao Senhor. Dependendo da leitura e da meditação feitas, poderá ser uma resposta de admiração, louvor, agradecimento, pedido de perdão, compromisso, clamor, pedido, intercessão...

4º passo: Contemplar


• A Bíblia não usa o verbo contemplar, e, sim, escutar, conhecer, ver. Trata-se de saborear, “curtir” a presença de Deus, o jeito de ele ser e agir, o quanto ele é bom e o quanto faz para nós. Supõe uma entrega total na fé. Passa, necessariamente, pelo conhecimento de Jesus Cristo (“Quem me vê, vê o Pai!”), que se encontra do lado dos pobres.

Ministério litúrgico do(a) salmista

Cantai com a voz, cantai com o coração, cantai com os lábios, cantai com a vida: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Queres saber o que cantar, a respeito daquele a quem amas? Sem dúvida, é acerca daquele a quem amas que desejas cantar. Queres saber então que louvores cantar? Já o ouviste: Cantai ao Senhor Deus um canto novo. Que louvores? Seu louvor na assembléia dos fiéis. O louvor de quem canta é o próprio cantor.
Quereis cantar louvores a Deus? Sede vós mesmos o canto que ides cantar. Vós sereis o seu maior louvor, se viverdes santamente (Santo Agostinho)

Antes de falarmos do ministério do(a) salmista como tal, faz-se necessário levar em consideração o valor que os salmos têm na liturgia cristã.

Além da Liturgia das Horas – que na sua grande parte é constituída de salmos – o canto dos salmos nas demais celebrações litúrgicas tem sido cada vez mais valorizado. Afinal de contas, os salmos são uma fonte inesgotável de espiritualidade que herdamos da tradição judaica.

O salmo responsorial ou ‘salmo de resposta’ “é parte integrante da liturgia da palavra”. É, na realidade, uma leitura cantada. Uma “leitura” distinta das demais proclamadas na liturgia, pois sua estrutura literária é essencialmente lírica e poética. Conseqüentemente, cabe ao(à) salmista, mais do que cantar, “proclamar” o salmo na estante da Palavra, pois aqui é o lugar onde Deus dirige sua Palavra ao povo reunido.

Uma vez que o salmo responsorial constitui uma resposta da assembléia (com a própria Palavra de Deus), é fundamental uma perfeita sintonia entre o(a) salmista e a assembléia. Esta sintonia pressupõe uma atitude espiritual (integração do corpo-mente-coração) de quem canta o salmo para que seu conteúdo atinja a todos de forma plena e frutuosa.


Um ministério que requer formação...

Mais do que nunca o ministério de salmista requer uma formação técnica e litúrgico-musical adequada. Para este item, lançaremos mão do que diz a liturgista Ione Buyst, em seu livro: O ministério de leitores e salmistas sobre a importância da preparação e formação dos salmistas. Eis os principais aspectos desta formação:

• Uma formação bíblico-litúrgica: aprofundar o sentido literal e cristológico dos salmos; estudar cada salmo em sua relação com a primeira leitura e com o projeto de salvação de Deus.
• Uma formação espiritual: saber orar com o salmo, saboreá-lo como Palavra de Deus para nossa vida atual; saber cantar de forma orante.
• Uma formação musical: saber usar a voz de forma adequada, com boa dicção; se for o caso, até saber ler uma partitura simples; aprender as melodias dos salmos de resposta; saber se entrosar com os instrumentos musicais que eventualmente acompanham o canto do salmo.
• Uma formação prática: saber manusear o Lecionário e o “Hinário Litúrgico”; saber em que momento subir à estante, como se comunicar com a assembléia, como usar o microfone..; conhecer os vários modos de se cantar o salmo...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O coral na liturgia renovada do Concílio Vaticano II

A reforma litúrgica do Concílio Vaticano II não aboliu o coral. Pelo contrário, o incentivou.[13] O coral desempenha um verdadeiro ministério litúrgico, daí sua importância no conjunto dos ministérios da assembléia litúrgica[14]. Um coral, bem formado e orientado, poderá prestar um importante serviço à assembléia, exercendo um ministério múltiplo, seja reforçando o canto litúrgico da assembléia em uníssono ou enriquecendo sua melodia com um arranjo vocal a mais vozes.

As formas litânicas do “Senhor, tende piedade de nós”, do “Cordeiro de Deus”; os cantos de repetição (muito comuns no interior do Brasil); ou ainda a forma antifonal (coro e assembléia executando um mesmo canto, de forma alternada) - são ótimos exemplos de diálogo entre coro e assembléia. Além destas possibilidades, o coral também poderá entoar uma peça, ou motete durante a procissão e preparação das oferendas, durante ou após a comunhão.

Cabe-nos aqui, mais uma vez, lembrar que alguns cantos, em princípio, nunca deveriam ser executados somente pelo coral, como por exemplo, o “Glória” e o “Santo”. Pelo fato destes hinos pertencerem “à comunidade toda, que eventuais arranjos a vozes para coro, nunca impeçam a participação do povo, mas antes, a favoreçam e reforcem”[16]. O “Glória” é um hino de louvor, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro[17]; o “Santo” é uma aclamação do novo povo de Deus que se junta ao coro dos Serafins, conforme descreve o profeta Isaías em sua visão no templo de Jerusalém (cf. Is 6,3), e ao coro da grande multidão que aclamava Jesus quando entrava em Jerusalém (cf. Mt 21,9). É necessário dizer que uma adequada formação litúrgica e espiritual[18] para músicos e cantores corrigirá muitos equívocos e evitará futuros mal-entendidos quanto ao real sentido da função ministerial do canto e da música na liturgia[19].

Uma das dificuldades que ainda persiste na integração do coral na liturgia da Igreja no Brasil - sobretudo do coro polifônico e especializado - é a escassez de repertório em vernáculo e adequado à ação litúrgica. Poucos compositores enveredaram por este caminho nos últimos 40 anos. Nosso desejo é que os mesmos se empenhem na criação deste gênero de música litúrgica, conforme o espírito do Concílio Vaticano II.